Sheila Sacks /
Entretanto, nos últimos dias de
dezembro (22/12/2020) foi batido o martelo e a Câmara Municipal revogou o
protocolo celebrado entre a prefeitura, a organização “Comunidade Israelita de
Lisboa” e a Associação de Turismo da
Lisboa (ATL) para criação e funcionamento do museu. Foi instituída a Associação
Hagadá ( do hebraico leagid , que
significa contar, narrar), sem fins
lucrativos, para a qual o município de
Lisboa concederá o uso de um terreno na
freguesia de Belém - entre a Avenida da Índia e a Rua das Hortas -
para a construção e funcionamento do novo museu. Dessa vez, o projeto ficará a
cargo do arquiteto Daniel Libeskind, que projetou os museus judaicos de Berlim,
São Francisco e Copenhague.
Museu
judaico-português
Falando pela Associação Hagadá, a
ativista, jornalista e escritora Esther Mucznik explicou que o museu judaico
não será um “museu de judeus”, mas um
museu português que contará uma história específica, a história e a cultura dos
judeus portugueses e a sua contribuição à nação da qual fazem parte.
Coordenadora da Comissão de
Instalação do Museu Judaico, desde o seu lançamento, ela defendeu a instalação
do prédio em Alfama pelo significado histórico do lugar. Com o novo endereço, o
museu ganhará uma dimensão mais ampla, devido ao maior tamanho do terreno,
cerca de 4.400 metros quadrados, e sua localização, perto da zona ribeirinha do
Rio Tejo e da histórica e turística Torre de Belém.
Para Mucznik, a vida dos judeus em
Portugal é uma história judaica e portuguesa, o que significa que ela não pode
ser abordada de forma separada da história de Portugal. “Por muito forte que
tenha sido o papel da identidade religiosa judaica na matriz do povo judeu, e
foi-o sem dúvida alguma, a cultura ibérica foi igualmente decisiva no que hoje
chamamos de Sefarad”, destaca.
Na foto acima, a muralha do antigo gueto judeu de Alfama.
Museu do Holocausto no Porto
Em contrapartida, a comunidade
judaica do Porto inaugura, nesse início de 2021, o seu Museu do Holocausto, o
primeiro da Península Ibérica. O museu retrata a vida judaica antes, durante e
após o Holocausto, e apresenta reprodução dos dormitórios de Auschwitz, sala de
nomes, memorial , cinema, sala de conferências, centro de estudos e corredores
com a narrativa completa da tragédia, através de fotos e vídeos.
O museólogo Hugo Vaz, que vai
administrar o local, acredita no forte apelo educacional do projeto e espera
que o novo espaço cultural atraia a visita anual de 10 mil estudantes
portugueses, o mesmo número de alunos que visitavam a sinagoga, antes da
pandemia.
Abaixo, o link do texto “A Batalha
do Museu Judaico de Lisboa”, de 2019.
http://sheilasacks.blogspot.com/2019/07/a-batalha-do-museu-judaico-de-lisboa.html