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sexta-feira, 20 de abril de 2018

O negócio lucrativo do terror

Por Sheila Sacks 

A revista Forbes, conhecida por suas listas de ricos e famosos, publicou no início do ano uma lista sobre as 10 organizações terroristas mais ricas do mundo. Parece piada de mau gosto, mas a informação é relevante na medida em que desvenda uma face pouco conhecida da estrutura do terror. Ainda assim, a notícia não ganhou espaço na mídia internacional e a repercussão ficou perto de zero.

O preocupante é que três desses grupos terroristas vips estão nas portas do estado de Israel: o movimento xiita libanês Hezbollah, que encabeça a lista, com arrecadação de 1,1 bilhão de dólares; o Hamas, grupo palestino que comanda a Faixa de Gaza, com rendimento anual de 700 milhões de dólares ( terceiro da lista); e a Jihad Islâmica na Palestina, com recursos de 100 milhões de dólares (oitavo da lista). Seus líderes têm mansões luxuosas na Europa e se locomovem em jatinhos particulares.

Com o dinheiro proveniente do narcotráfico (revelado pela operação 'Cassandra', do governo americano), tráfico de armas, lavagem de dinheiro, falsas organizações assistenciais, negócios imobiliários e o continuado apoio financeiro e logístico do Irã (terceiro maior produtor de petróleo da Opep), os três grupos criminosos têm um denominador comum: o terrorismo contra Israel. Uma fato inegável que a comunidade mundial prefere ignorar.

Completam essa lista vexatória os grupos Talibã (800 milhões de dólares), Al-Qaeda (300 milhões), ISIS ou Estado Islâmico (200 milhões), Partido dos Trabalhadores do Curdistão (180 milhões), Kata’ib Hezbollah (150 milhões), Lashkar-e-Taiba (75 milhões) e Real IRA (50 milhões).

Terrorista é produto final

Sem dúvida causa estranheza que a mídia mundial tenha passado ao largo da informação, se mostrando avarenta em seus espaços em relação à notícia que foi pontualmente divulgada por alguns sites.

É fato que o terrorismo vai muito além da figura individual de quem pratica o ataque. Esta é apenas o produto final de um mecanismo diabólico que promove o ódio, a vingança e o desrespeito à vida humana. Existe toda uma engrenagem, por trás do sujeito que mata, envolvendo logística, propaganda e, principalmente, a captação de recursos, ponto fundamental que requer atenção permanente dos governos democráticos para uma eficaz oposição a esse tormento contemporâneo.

Contudo, a realidade percebível é diferente. Caprichos ideológicos populistas e de mercado interferem continuadamente no combate a esses grupos por parte das diferentes nações que, mesmo padecendo com atentados violentos, esbarram na falta de vontade política de seus governantes no sentido de apontar publicamente os países implicados com o terrorismo e assumir sanções diplomáticas.

Recursos para organizações

Também colabora para esse ambiente propício a ações violentas a proliferação de instituições formalmente constituídas, de natureza e objetivos diversos, financeiramente acolhidas por recursos difusos e imprecisos que apoiam e propagam narrativas distorcidas da realidade.

São organizações não governamentais (ONGs), pseudossociais e assistenciais que recebem verbas milionárias e que, centradas em dados partidários e sem o devido contraditório, se dispensam do consciente cuidado na averiguação e na veracidade dos fatos, por uma inqualificável lealdade aos seus financiadores.

Um prato cheio para a mídia apressada e parcial que, além de veicular esses falsos enredos, tecem opiniões sociopolíticas acusatórias. Assim sendo, com a informação real subjugada a uma ficção de insinuações, provocações e meias-verdades, fomenta-se o clima de revolta e raiva contra as comunidades judaicas, notadamente, na Europa.

Informações desvirtuadas

Se no momento do ato terrorista o espanto da sociedade e a mobilização policial acontecem sob os holofotes da mídia, em pouco tempo essa agitação recua a níveis toleráveis, abrindo espaço, mais uma vez, para o retorno das simulações e do envenenamento diário e acumulativo das informações desvirtuadas.

No caso específico do estado de Israel, essa tática de desinformação levada a cabo por líderes palestinos e seus aliados tem se revelado producente nos quatro cantos do mundo justamente por conta da participação, voluntária ou acidental, dos órgãos de comunicação. As iniciativas do governo israelense visando desbaratar e conter ações terroristas são sistematicamente condenadas por várias plataformas de comunicação sob a argumentação de que as populações civis são as mais atingidas.

Mas, tratando-se de populações manipuladas e usadas como escudos humanos por suas lideranças polítco-religiosas, ativamente engajadas nos processos dos ataques terroristas - educando, incentivando e guiando suas crianças e seus jovens, filhos e netos, na doutrina do ódio e do confronto violento -, é crível supor que inexiste uma sociedade civil, nos padrões normais, nessas regiões. E é com essa anomalia que as forças de defesa de Israel precisam lidar cotidianamente.
Uma situação complicada e dramática em termos de geopolítica e de estratégia militar e da qual seus adversários tiram proveito mercadológico e político, lançando mão de ardis de marketing e ilícitos de toda a ordem para injetarem fortunas em organizações que, de forma astuciosa ou de modo violento, pregam a destruição do estado de Israel.
Acordo beneficiou Hezbollah
A reportagem da Forbes de Israel – “Hezbollah: a mais rica das organizações terroristas” -  afirma que seis meses após o acordo nuclear do Irã (firmado com os EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia, China e Alemanha, em 14 de julho de 2015), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) retirou todas as sanções econômicas impostas àquela república islâmica, beneficiando sobejamente o Hezbollah, que começou a ganhar mais recursos e apoio militar de Teerã.
Dos 200 milhões de dólares recebidos anualmente, o grupo terrorista libanês pulou para um orçamento de 1,1 bilhão de dólares. Equipamentos de guerra e de inteligência e todo um sistema que inclui milhares de mísseis e foguetes fornecidos pelo governo iraniano se somam às cifras bilionárias.
Nunca é demais lembrar que a exportação do petróleo corresponde a 80% da renda do Irã e, com o retorno de dezenas de petroleiros ao Estreito de Ormuz, o desbloqueio dos ativos e a reconexão com o sistema bancário mundial, em menos de um ano as exportações voltaram a sua capacidade anterior como as sanções jamais tivessem ocorridas.

Aliado do Irã na guerra civil da Síria, o Hezbollah já enviou, desde 2013, mais de 9 mil combatentes, um terço de seu efetivo, para lutar ao lado do regime de Assad. Em três décadas essa milícia local se transformou em um importante braço militar de Teerã, atuando também no Iraque e no Iêmen.
O general Herzi Halevi, chefe do centro de Inteligência Militar de Israel (Aman), afirma que é fundamental interromper esses enormes fluxos de recursos que fluem dos países para as organizações terroristas. Ele explica que apesar de alguns sucessos pontuais, o mundo ainda não ativou mecanismos internacionais suficientes para cortar o contato entre países e essas corporações criminosas.