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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A Bíblia hebraica dos Açores


por Sheila Sacks

Em 1997, os jornais do arquipélago português dos Açores divulgaram um fato inusitado: dois garotos de uma aldeia de pescadores da região haviam achado em uma gruta, por acaso, um velho pergaminho enrolado escrito em hebraico ou aramaico.

Na ocasião, quem leu a notícia e logo percebeu que se tratava de uma Torá (Velho Testamento- Pentateuco) foi o jornalista e pesquisador Inacio Steinhardt, português de nascimento e radicado em Israel. A partir de então e durante seis anos ele seguiu os passos da misteriosa Bíblia hebraica, na tentativa de desvendar e ordenar a história que acompanharia aquele documento religioso escondido em uma ilha do oceano Atlântico.

Nascido em Lisboa, em 1933, e vivendo em Israel desde 1976, Steinhardt foi correspondente de jornais portugueses e da agência de notícias Lusa. É presidente honorário da Liga de Amizade Israel – Portugal, em Tel Aviv, e Comendador da Ordem de Mérito da República Portuguesa.
O jornalista também é co-autor do livro “Ben-Rosh- Biografia do Capitão Barros Basto, o Apóstolo dos Marranos”, que conta a história de um oficial do exército português que retornou às suas origens judaicas.

A entrevista abaixo foi realizada via email em 2008:

Em que data e de que forma o senhor teve conhecimento da existência de uma Torá do século 18 no arquipélago de Açores?

- Na nossa profissão não é raro acontecer que as histórias chegam até nós e não nos largam enquanto não as contamos. Foi o que me aconteceu também desta vez.
No dia 8 de Maio de 1997 abri na Internet uma página que listava os jornais portugueses. Nesse dia o mouse parou sobre O Açoreano Oriental. Eu nunca tinha lido um jornal do arquipélago dos Açores. Não resisti e cliquei para ver como era. Logo na primeira página, em manchete, vinha a notícia sobre dois alunos da escola primária de Rabo de Peixe, uma aldeia de pescadores ao norte da Ilha de São Miguel, que, na véspera haviam achado, dentro de uma gruta, dois rolos de pergaminho, escritos com caracteres estranhos, e enrolados em volta de dois rolos de madeira. Suspeitei logo tratar-se de uma Torá (Velho Testamento).
Nos dias seguintes todos os jornais dos Açores repetiam a história, acrescentando que se tratava de um rolo só, que os pequenos tinham cortado ao meio, levando alguns fragmentos consigo, um dos quais tinha sido identificado pelo professor de Religião e Moral da sua escola como sendo hebraico ou aramaico.
A partir daí a imaginação não teve limites, atribuindo-se ao manuscrito a uma profecia papal e o local como lugar de culto secreto dos marranos (cristãos-novos, aqueles que foram convertidos à força no século XV). Um jornal americano chegou a noticiar a existência de inscrições nas paredes da gruta, nada menos do que em iídiche (idioma ainda usado por judeus, corruptela do alemão), imagine!

De que maneira a Torá chegou até lá?

- Conheço suficientemente a existência dos cripto-judeus (marranos) em Portugal para excluir a possibilidade daquela Torá lhes ter pertencido. A hipótese que me parecia mais lógica era de que a Torá seria de uma das cinco sinagogas que funcionaram nos Açores, no século XIX, dos judeus de origem marroquina que lá viveram. A minha suspeita confirmou-se.

Existia na época comunidade judaica em Açores?

- Em 1997 já não existia nenhuma comunidade judaica nos Açores. Durante o século XIX, até em torno de 1880, havia ali uma comunidade de judeus marroquinos que chegou a ter quase 250 pessoas e que vivia em diversas ilhas do arquipélago. As suas sinagogas funcionavam em casas particulares, com exceção da sinagoga Shaar Shamaim (Portas do Céu), na cidade de Ponta Delgada, na Ilha São Miguel, que tinha edifício próprio e ainda hoje lá está, embora esteja fechada há muitos anos**.
Todas as Torás dessas sinagogas foram gradualmente sendo transferidas para a sinagoga Shaare Tikvá, de Lisboa.

O senhor poderia detalhar as aventuras e as desventuras desse pergaminho?

- Bom, é uma longa história que levei seis anos para desvendar. Em poucas palavras, a Torá foi escrita nos primeiros anos de 1700, na cidade marroquina de Mogador, que hoje se chama Essaouyra, na costa atlântica de Marrocos. Um judeu de Mogador, Mimon Abohbot, comerciante, mas pessoa muito letrada em judaísmo, trouxe ao Açores duas Torás para a sinagoga que funcionava em sua casa, na cidade de Angra de Heroísmo, na Ilha Terceira, onde ele servia de rabino. Em seu testamento ele deixou escrito que, após a sua morte, e não havendo mais judeus na cidade, uma Torá deveria ser enviada para a sinagoga da cidade de Ponta Delgada (Ilha São Miguel) e a outra levada de volta para Mogador, em Marrocos. Há informações da época que confirmam que a Torá foi encaixotada para o embarque, mas, por razões que ignoro, o caixote teria ficado nos Açores. Cem anos mais tarde, numa taberna da aldeia de Porto Judeu (um nome que também tem a sua história, para contar outro dia), na Ilha Terceira, o caixote foi entregue a um jovem capitão judeu, da base aérea americana das Lajes, também na Ilha Terceira. O capitão Marvin Feldman teve receio de abrir o caixote, pensando que se tratava de um caixão contendo os ossos de alguém. Mas, quando finalmente teve coragem para abrir, encontrou a Torá. Ele mandou vir dos Estados Unidos um manto para a Torá e começou a usá-la no serviço religioso improvisado, na capela da base, para os militares judeus. Um fato curioso, que não resisto em relatar, é que nenhum dos judeus da base tinha conhecimentos para ler o texto da Torá sem os sinais diacríticos. Quem resolveu o problema foi o capelão católico, padre Don Hunter, que havia aprendido hebraico e a leitura da Bíblia no original, e que vinha todos os sábados à capela ler a Parashá (capítulo semanal) para os judeus. Em 1973, quando regressou aos Estados Unidos, o capitão Feldman (hoje coronel aposentado), deixou a Torá na base, dentro de um bonito armário de madeira (Aron HaKodesh) que mandou construir. Durante muito tempo ninguém soube na base onde se encontrava a Torá do capitão Feldman. Hoje eu sei que entre 1994 e 1997 ela esteve com uma senhora que exercia as funções de líder laico judeu. Essa senhora, antes de regressar aos Estados Unidos, teve a intenção de mandar a Torá para a sinagoga de Lisboa. Por motivos que ainda desconheço, ela a teria mandado para alguém, em Ponta Delgada, que, por sua vez, deveria embarcar a Torá para Lisboa. E foi precisamente em maio de 1997 que alguém a escondeu dentro da gruta onde foi encontrada.

Qual era o estado de conservação da Torá quando foi encontrada?

- Em perfeito estado de conservação, o que revela que não estava naquele local há muito tempo. O ar salgado do mar teria pelo menos corroído a tinta das letras e desfeito as costuras do pergaminho. A Torá encontrava-se dentro de um grande saco de plástico, como que pronta para o embarque. Identificado por especialistas da Universidade de Jerusalém como um pergaminho escrito em Marrocos nos anos de 1700, estava coberto por um manto de características ashkenazis (origem européia) e até costurado à máquina, portanto um manto que teria, quanto muito, 150 anos. Pelas fotografias, o capitão Feldman confirmou-me que era igual ao que ele mandara vir dos Estados Unidos. Esse foi o primeiro fio da meada que me serviu para desvendar o mistério: uma Torá sefaradita (de origem oriental) do século XVIII, com um manto ashkenazi moderno. Encontrava-se em perfeito estado de conservação quando os meninos a encontraram. Eles porém a destruíram, cortando-a em pedaços para vender na aldeia a pessoas que imaginavam obter grandes lucros com a antiguidade. Além disso, quando a notícia foi divulgada, eles tinham deixado o remanescente na gruta. Logo no dia seguinte alguém foi lá (talvez a mesma pessoa que a escondeu) e tirando os dois rolos remanescentes para fora, desenrolou um dos lados para tirar o eixo de madeira (ets haim) e arrancar os punhos e pontas que eram de marfim. Por alguma razão só conseguiu tirar o eixo de um lado.

Foi feita alguma restauração? Quem fez?

- O remanescente do achado foi entregue à Biblioteca e Arquivo Regional da cidade de Ponta Delgada. Depois foi enviada para o Departamento de Restauros da Biblioteca Nacional de Lisboa, onde fizeram um magnífico trabalho de restauração, com a ajuda do então rabino da Comunidade Israelita de Lisboa. Apenas ficaram vazios os lugares dos fragmentos que nunca foram devolvidos. Foi feita também uma bonita caixa-estojo, da mesma cor do manto de veludo. Agora a Torá encontra-se novamente exposta na Biblioteca de Ponta Delgada, nos Açores.

Sua pesquisa durou seis anos. Foi difícil seguir os caminhos percorridos pela Torá?

Foi necessária muita persistência e muita sorte. Seguindo o fio da meada fui encontrar, entre os meus papéis, um artigo de uma revista hebraica citando um jornal judeu de Kansas City, Estados Unidos, que se referia ao achado de Marvin Feldman. Qualquer coisa me fez guardar esse artigo (não calcula quantas toneladas de recortes tem o meu arquivo pessoal). Depois foi uma missão impossível contatar tantos Marvin Feldman nos Estados Unidos, até localizar, ao cabo de seis anos, o homem certo, na Austrália! Hoje ele vive na Flórida. Marvin foi extremamente simpático, gravando para mim o relato exato da sua parte na história. O interessante é que em 1973, ano em que o capitão encontrou a Torá em Porto Judeu, eu tinha comprado num sebo em Lisboa um sidur (livro de rezas) manuscrito pelo mesmo Mimon Abohbot, em 1874, em Angra do Heroísmo. Copiou-o manualmente na intenção de que seus netos rezassem por ele em sua memória. Esse fato despertou a minha curiosidade e investiguei a biografia desse judeu piedoso, publicada em diversas fontes. Quando ouvi a gravação do capitão Feldman e a história do caixote, lembrei-me das duas Torás de Abohbot e do seu testamento. Fui consultar essas fontes e lá estava o episódio da caixa de madeira que deveria ser embarcada para Mogador. Em abril de 2005 estive pela primeira vez nos Açores, nas ilhas de São Miguel e da Terceira, para proferir duas palestras, a convite do Governo Regional. Aí eu contei a história da Torá, que por duas vezes se recusou a abandonar os Açores. Foi então que, novamente por acaso fortuito, soube do envio da Torá, da base das Lajes para Ponta Delgada. E pude assim acrescentar nas minhas palestras que foram três vezes que a Torá se recusou a sair dos Açores. Na mesma oportunidade visitei o cemitério judaico da cidade de Angra do Heroísmo, e, perante a sepultura de Mimon Abohbot e na presença do único judeu que mora na ilha, li, no livro piedosamente manuscrito por ele, a oração pelos mortos (Hashkará) na versão sefaradita em que Mimon listou os mortos de sua família. Foi um momento muito emocionante para mim. Como vê, o quebra-cabeça ainda não está terminado. Falta ainda saber duas coisas: onde esteve o caixote durante quase 100 anos, até aparecer na taberna da aldeia de Porto Judeu? Estive no local onde fui recebido de forma calorosa pela autoridade regional e com a sua ajuda entrevistei muitas pessoas idosas, mas ninguém se lembrava do que sucedera 30 anos atrás. A outra peça da charada que ainda falta desvendar, é saber quem recebeu a Torá em Ponta Delgada e quem, e por que, a escondeu na gruta em Rabo de Peixe.

A exposição do pergaminho é aberta ao público?

Sim. Recentemente o pergaminho foi disponibilizado aos visitantes na Biblioteca e Arquivo Regional de Ponta Delgada. Foi outro momento emocionante conhecer a Torá, que de alguma forma me procurou para eu escrever a sua história, e ler nela um capítulo. Mais: o Diretor Regional da Cultura afirmou-me que, se a sinagoga de Ponta Delgada for restaurada e conservada como museu judaico, sendo simultaneamente um lugar de orações para turistas judeus que visitam os Açores, e havendo segurança contra roubos no local, ele encararia a possibilidade de mandar transferir para lá a Torá de Rabo de Peixe. O pergaminho ficaria em exposição, visto que não pode ser utilizado para o culto, segundo a Halachá (lei judaica). Hoje já não existe comunidade judaica nos Açores. Apenas um judeu inglês vive na Ilha Terceira e alguns descendentes de judeus, que hoje já são católicos. Entre estes tenho o dever de destacar a obra meritória dos membros da família Bensaúde, que já não sendo judeus têm conservado, por conta própria, os cemitérios judeus ainda existentes no arquipélago e parte das obras de conservação da sinagoga.

A Torá já foi apresentada em outros locais?

Não. Aliás ela nada tem de extraordinária, além de sua história fantástica. Houve a sugestão de levá-la para Angra do Heroísmo, para estar presente quando da minha conferência, mas a ideia foi abandonada por problemas logísticos e de segurança.

Mudando de tema: em 1997 o senhor publicou um livro sobre o Capitão Barros Basto, conhecido como o Dreyfus Português (foi afastado pelo exército em 1943). Qual é a importância deste personagem na moderna história judaica-portuguesa?

Eu não concordo muito com a designação de Dreyfus Português, porque as circunstâncias foram bem diferentes. Barros Basto não foi destituído da sua patente militar. Foi sim exonerado do exército e viveu seus últimos anos ferido no mais íntimo da sua alma, e em condições econômicas muito difíceis. Não foi acusado de traição, foi castigado com o intuito de aniquilar a obra que havia iniciado. Ele começou a sua vida rejeitando, instintivamente, a religião católica em que foi educado pela mãe, e buscando a verdadeira religião com todas as forças da sua alma. Passou por várias fases até que seu avô paterno, antes de falecer, o escolheu para transmitir o grande segredo da família: eles eram descendentes dos judeus convertidos pela força, em 1497. A Obra do Resgate, que ele criou para convencer os outros "anussim" (convertidos à força) de que já havia liberdade religiosa em Portugal, foi um trabalho gigantesco que encontrou eco em todo o mundo judaico. E conseguiu construir uma imponente sinagoga na cidade do Porto. Mas foi uma obra que durou apenas enquanto durou essa liberdade religiosa, e enquanto o espírito de discordância entre os judeus não foi aproveitado pelo clero, que não via com bons olhos o regresso dos marranos ao judaísmo. Em nossos dias a sinagoga Mekor Haim, que ele construiu, voltou a ser um pólo de atração para um número crescente de bnei-anussim (descendentes dos ‘forçados’) que procuram regressar ao Judaísmo.

Existe curiosidade nas famílias portuguesas em investigar possíveis raízes de ascendência judaica?

Imensa. E não só curiosidade como grande perseverança na investigação, quase sempre tão difícil quanto serem aceitos no seio do judaísmo institucional. É um movimento que se alastra rapidamente, não só dentro de Portugal, como nas comunidades de descendentes de imigrantes portugueses em vários países. Soube que no Brasil o seu número já excede a um milhão, o que é bem possível devido às raízes históricas. Mas também nos Estados Unidos, no México, na África do Sul e em alguns países europeus. Eles estão agrupados em diversos fóruns da Internet, principalmente no "Saudades", heroicamente dirigido por Rufina Bernardette da Silva Mausembaum, em Johannesburgo, África do Sul, ela própria uma retornada.


** Localizada na Rua do Brum nº 16, a Sinagoga de Ponta Delgada (1836) – a mais antiga sinagoga portuguesa construída depois da expulsão dos judeus do país - vai ser recuperada com o apoio da Comunidade Israelita de Lisboa. O prédio encontra-se em precárias condições físicas e em 2009 abriu as portas pela primeira vez, depois de mais de 50 anos fechada, para visitas guiadas pelo historiador José de Almeida e Mello, responsável pela sinagoga e autor do livro “Sinagoga Sahar Hassamain de Ponta Delgada – História, Recuperação e Conservação".

A respeito do tema, o colega Alfredo Maia, presidente do Sindicato de Jornalistas de Portugal, escreveu um pequeno e sensível texto em seu blog “Nave dos Dias”, que reproduzimos abaixo:

Domingo, 3 de outubro de 2010

Rua do Brum, n.º 16, Ponta Delgada: o futuro da memória hebraica

Rua do Brum, n.º 16, Ponta Delgada. A casa pouco difere das demais - rés-do-chão, dois andares, fachada rebocada pintada de branco, janelas ornamentadas por faixas amarelas, a porta com faixa ocre prolongando a faixa de meio metro ao longo do alçado principal, duas varandas em ferro forjado.

No interior, uma impressionante amostra de um passado guardado na cápsula do tempo. Algures, discretamente protegido pela envolvência doméstica de uma casa de habitação, um belo salão de culto – um solene cadeiral em U voltado para as Tábuas da Lei, o armário que guardava a Tora e a cadeira (raríssima!) destinada à circuncisão; um púlpito pejado de livros vetustos e ruídos pelas térmitas e pelos ratos; nas costas, um relógio parado nas 2:15 de um dia – sabe-se lá qual – muitas décadas atrás, muito poucas mais chegarão para perfazer um século, quando emudeceram as orações no rito hebraico e o sarcófago do tempo foi envolvendo a Sinagoga de Ponta Delgada.

Abateu-se a ruína sobre a cobertura da casa e os sobrados; a vegetação invadiu a casa; salvaram-se à pressa livros sagrados e apetrechos de culto; outros pereceram na humidade inapelável e na voragem de insectos e roedores. Salvou-se a sala de culto – uma das mais belas (ou a mais?...) de Portugal e a mais antiga das sinagogas da Europa (e também em Portugal, depois da expulsão dos judeus, por D. Manuel I, fundada em 1836 e marcando o seu regresso em pleno Portugal liberal) – como se fosse quase intocável ao tempo e ao abandono (as outras, já se sabe, foram destruídas pela fúria nazi).

Há dez anos, porém, que José de Almeida Mello peleja pela recuperação da Sinagoga Sahar Hassamani, procurando dar-lhe um rumo, restituir-lhe uma dignidade. Ouvi-o ontem, com muita satisfação, falar de um futuro (próximo, pois as obras decorrem no próximo ano) através do qual poderemos perscrutar o passado para compreendermos melhor o passado: deverá ser uma biblioteca-museu da identidade hebraica – com destaque para a sala de culto e para a biblioteca que há-de ser constituída pelo fundo próprio dado à guarda da Comunidade Israelita de Lisboa e por doações de particulares, integrada numa rota que inclui os cemitérios judeus de Ponta Delgada e Angra do Heroísmo.