Sheila Sacks /
Em 2020, o fluxo migratório de americanos e canadenses para Israel
se manteve em um patamar razoável, com um recuo de apenas 10% em relação ao ano
de 2019. Apesar da pandemia e das dificuldades que a Covid-19 impôs a toda a
população do planeta, 3.168 judeus desses países se motivaram para realizar a
tão sonhada aliá (ascensão, em hebraico), o termo que designa a imigração para
a Terra de Israel.
De acordo com Marc Rosenberg, vice-presidente da agência Nefesh B’Nefesh,
que coordena o processo de imigração de
americanos e canadenses, a possibilidade de muitos desses novos imigrantes
manterem as suas atividades de seus
países de origem, através do dispositivo do teletrabalho, foi um fator de
estímulo e confiança.
“De repente, as pessoas perceberam que poderiam realizar o sonho de morar em Tel Aviv e manter seus empregos nos Estados Unidos”, disse Rosenberg. “De certa forma, a pandemia, com todos os seus desafios, acelerou o processo de mudança laboral porque o mundo ficou menor e as opções de carreira foram simplificadas.”
É o caso de um imigrante de 75 anos, oriundo da Pensilvânia, que sempre trabalhou como contador e que vivendo em Israel, desde outubro do ano passado, continuou a assessorar, remotamente, na área de contabilidade, clientes da Califórnia, Texas e Flórida.
Fundada em 2002, a Nefesh B'Nefesh é uma agência sem
fins lucrativos que trabalha em parceria com órgãos estatais israelenses com a
finalidade de facilitar a entrada e a integração desses novos imigrantes.
Interesse por
imigração aumentou
Também
em 2020, os pedidos para a imigração mais do que dobraram em relação ao ano
anterior. Foram 6.854 solicitações de judeus americanos e canadenses
interessados em emigrar para Israel. Quanto ao grupo que chegou a Israel,
Rosenberg destaca a pluralidade dos recém-chegados, com idade variando entre 3 a 97 anos,
incluindo jovens casais, 794 crianças, 1.032 solteiros, aposentados,
educadores, médicos, enfermeiras,
assistentes sociais e advogados, entre outras profissões.
Segundo a Agência Judaica, 21.200 judeus emigraram para Israel em 2020, ainda que houvesse restrições de viagens aéreas, bloqueios e outras complicações por conta da grave crise de saúde global. Uma queda de 36,7%, em relação a 2019.
Entretanto, os pedidos de informações sobre o processo de imigração aumentaram,
afirma o diretor da Agência Judaica da França, Arie Abitbol. “Estamos
sobrecarregados com pedidos, especialmente de idosos e jovens. São famílias que
vivem a incerteza de uma crise econômica e de saúde devido à pandemia”,
explica.
Teletrabalho é a opção preferida
Pesquisa levada a efeito pela empresa de segurança corporativa Cyber Ark
com trabalhadores israelenses apurou que 95% dos consultados desejam continuar
trabalhando em regime de home office no pós-pandemia. Ainda que 78%
mencionassem problemas técnicos e 34% reclamassem de fadiga do uso da
plataforma Zoom.
Como vem ocorrendo na maioria dos países do Ocidente, a pandemia
evidenciou a vantagem do setor tecnológico, nicho econômico menos afetado e que
em Israel seguiu em crescimento, visto à demanda por serviços e atendimentos
digitais.
No ramo promissor das startups, empresas emergentes e inovadoras de tecnologia, uma pesquisa realizada no final do ano passado com 200 startups israelenses apontou que 87% delas funcionavam na modalidade de teletrabalho desde o início da pandemia. Quarenta e quatro por centro cancelaram os aluguéis dos escritórios ou reduziram os espaços, mas 79% admitiram que a cultura de trabalho em equipe foi abalada consideravelmente.
A
pesquisa “Startup Snapshot” , conduzida
por um grupo israelense, revelou uma tendência dos empregadores na
terceirização dos serviços, aproveitando um pool flexível e global de talentos.
Assim, a localização dos funcionários torna-se menos relevante no teletrabalho
com a perspectiva, de 85% deles, de que o trabalho remoto irá se estender por
mais 12 meses.
Desemprego diminui
Após atingir um índice de 34% no pico do primeiro bloqueio ( entre março
e maio) e 23,5% no segundo, em setembro,
a taxa de desemprego em Israell baixou para 12,7%, na primeira quinzena de
dezembro de 2020, com 520 mil pessoas fora do emprego, seja por demissão,
doença, afastamento ou encerramento de negócios. Em 2019, esse percentual era de 3,8% e o
número de pessoas empregadas chegava a 3.967 milhões.
Os dados são do INSS (The Institute for National Security Studies), instituição vinculada à Universidade de Tel Aviv. O instituto avaliou que a crise foi mais sentida nas indústrias do turismo, comércio, lazer e entretenimento. Mais de 70 mil pequenas empresas foram fechadas, mas a previsão do Banco de Israel, considerando o atual cenário de vacinação rápida, é que a taxa geral de desemprego diminua e fique em 7,7% no último trimestre de 2021.
O estudo, intitulado “The Challenge of Israeli Economic Growth in 2021”
(O desafio do crescimento econômico israelense em 2021, em tradução livre), foi
publicado no site do INSS, em 14/01/2021. Seu autor é o economista e
pesquisador do instituto, Shmuel Even.