/ Sheila Sacks /
Em 2019, as principais agências de notícias divulgaram a foto do
interior de um túnel subterrâneo construído pelo Hezbollah no Líbano, que se iniciava a um quilômetro da fronteira
norte de Israel e cruzava o território israelense até perto da cidade de Zarit.
O túnel, escavado no subsolo, tinha profundidade de um prédio de 22 andares,
fiação elétrica e equipamentos de comunicação e foi descoberto pelo exército de
Israel na Operação Escudo do Norte, iniciada em dezembro de 2018, com a
finalidade de neutralizar a rede de túneis do grupo terrorista.
A operação militar encontrou um total de seis túneis fronteiriços
atravessando Israel em uma clara violação da Resolução 1701 do Conselho de
Segurança da ONU, implementada em 2006 para por fim a Segunda Guerra do Líbano.
O documento exigia o desarmamento de todos os grupos que atuavam na região, inclusive
o Hebzollah, excetuando o exército libanês e a Força Interina das Nações Unidas
no Líbano (UNIFIL, na sigla em inglês), criada para garantir a estabilidade ao
longo da fronteira. A resolução continua valendo.
Mas, o Hezbollah prosseguiu na construção de túneis com a finalidade de
atacar Israel, transgredindo e desprezando a resolução da ONU, ainda que a
UNIFIL esteja presente no sul do Líbano, desde 1978, com um efetivo de 10 mil
homens para patrulhamento e observação. Mas, diante da existência de dezenas de
quilômetros de túneis fica no ar a indagação sobre qual seria, de fato, a missão
desse destacamento militar, os chamados Capacetes Azuis, que ao longo dos anos
não se mobilizou para coibir ou denunciar com veemência a expansão dessa
infraestrutura de terror?
Construção de túneis e bunkers prosseguem
À época da descoberta dos túneis subterrâneos, o exército israelense
comunicou e levou a UNIFIL até os locais, antes de inutilizá-los por meio de
explosivos ou preenchimento de concreto em suas saídas. Cruzando a fronteira em
direção às comunidades do norte de Israel, os túneis serviriam para futuros
ataques a postos militares e alvos civis. Contando com o apoio tecnológico da
Coreia do Norte e o aporte financeiro do Irã, os túneis do Hezbollah são mais
sofisticados do que os do Hamas e são escavados nas rochas, o que os tornam mais
seguros, invisíveis e difíceis de detectar.
Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), desde o ataque de 7 de outubro do ano passado os militares já alcançaram mais de mil locais de armazenamento de armas do Hezbollah, em túneis e bunkers, perto da fronteira. Um dos túneis, descoberto em maio, adentrava 10 metros no território israelense e tinha em seu interior armas e mísseis antitanques. A IDF calcula que mais de 3 mil terroristas estavam preparados para invadir a Galileia em apoio ao Hamas, logo após o ataque.
Na atual incursão da IDF no Líbano iniciada em outubro já foram
bombardeados 3,5 quilômetros de um túnel subterrâneo que usava a fronteira da
Síria para receber armamentos do Irã. A informação foi publicada no Jerusalem
Post, em 4/10. Outro túnel subterrâneo usado pelos terroristas, a 300 metros da
fronteira israelense, também foi neutralizado.
Túneis com tecnologia de ponta
Em agosto, o então líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, morto em
Beirute, em 27 de setembro, exibia um vídeo intitulado Nossas Montanhas, Nossos Tesouros que mostrava integrantes do grupo
armado em motocicletas e caminhões transportando mísseis no interior de amplos
túneis subterrâneos iluminados.
Segundo o canal de TV libanês Al-Mayadeen, que exibiu o discurso de
Nasrallah, a rede de túneis é altamente secreta e tem um sistema técnico de
última geração, com dispositivos de comunicação criptografados e seguros na
conexão com o exterior, permitindo que o lançamento de mísseis se efetive em
minutos, após o recebimento das ordens. Desde outubro do ano passado, o
Hezbollah já lançou mais de 7.500 foguetes e 200 ataques de drones contra o
território israelense.
A declaração de Nasrallah ecoou pelas plataformas de notícias de todo o
mundo, com vídeo e fotos, e ainda assim a ONU se manteve calada sinalizando
sua desconsideração à divulgação de uma situação de tamanha gravidade
geopolítica. Não se pode considerar normal um grupo terrorista manter uma rede
de túneis subterrâneos de armazenamento de armas letais, se utilizando de um
país membro da ONU, no caso o Líbano, para atacar Israel, outro país-membro.
O silêncio das nações diante dessa realidade transgressora que perdura
por décadas é uma posição acintosa que
agride a sociedade israelense e os judeus que vivem na diáspora. Iniciativas precisariam ser impulsionadas
para pressionar países e governantes que abrigam núcleos terroristas e suas
infraestruturas de guerra para que combatessem esse tipo de barbárie.
Pedidos de cessar-fogo nessa conjuntura anômala, em que um país é
sistematicamente atacado por grupos terroristas sediados em Gaza, Cisjordânia,
Líbano, Síria, Iemên, Iraque e Irã, refletem, no mínimo, a ausência de empatia
quando o alvo da agressão é o estado de Israel. A indulgência velada aos
terroristas que já mostraram suas faces cruéis e sanguinárias em um atentado
que degolou bebês, estuprou meninas, queimou pessoas vivas e mantém reféns em
condições sub-humanas, só envergonha e amesquinha o conjunto de nações e suas
respectivas autoridades que teimam em desconsiderar o direito de Israel de
defender a sua existência.
No dicionário do terror, pedir um cessar-fogo se traduz, basicamente, em
reunir forças e se preparar para novos
ataques. Em “rara” aparição pública, segundo a mídia global, o líder
supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, exibindo
um rifle ao lado do corpo, defendeu a destruição do estado de Israel – “Israel
não vai durar muito” - e louvou o ataque
ao território israelense que ocorreu três dias antes, na noite de 1 de outubro,
quando foram disparados 180 mísseis, obrigando perto de 10 milhões de
israelenses a se esconderem em abrigos antiaéreos. Enquanto isso, o Hezbollah já lançou mais de
200 foguetes contra o norte de Israel, fazendo estragos e ocasionando vítimas,
com a colaboração declarada de mais dois grupos terroristas, a Jihad Islâmica
Palestina, que atua principalmente na Cisjordânia, e as Brigadas Al-Quds, da
Faixa de Gaza, cuja liderança está sediada na Síria. No dia 9/10 duas pessoas
morreram na cidade de Kiryat Shmona, no norte de Israel, depois que 90 foguetes
foram lançados do Líbano, intensificando o conflito.
Esses grupos terroristas também executaram, nos últimos dez dias, três
ataques terroristas sucessivos contra civis israelenses, com tiros e
esfaqueamento, que resultaram em oito mortos e dezenas de feridos. Na estação
de trem em Jaffa, na parte antiga de Tel Aviv (1 de outubro); na estação rodoviária
de Bersheva, capital do Neguev(6/10) ; e na cidade de Hadera, entre Haifa e tel
Aviv, em 9/10.