linha cinza

linha cinza

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

ONU se cala ante rede de túneis que abriga terroristas e armas letais no Líbano

/ Sheila Sacks / 

Em 2019, as principais agências de notícias divulgaram a foto do interior de um túnel subterrâneo construído pelo Hezbollah no Líbano,   que se iniciava a um quilômetro da fronteira norte de Israel e cruzava o território israelense até perto da cidade de Zarit. O túnel, escavado no subsolo, tinha profundidade de um prédio de 22 andares, fiação elétrica e equipamentos de comunicação e foi descoberto pelo exército de Israel na Operação Escudo do Norte, iniciada em dezembro de 2018, com a finalidade de neutralizar a rede de túneis do grupo terrorista. 

A operação militar encontrou um total de seis túneis fronteiriços atravessando Israel em uma clara violação da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, implementada em 2006 para por fim a Segunda Guerra do Líbano. O documento exigia o desarmamento de todos os grupos que atuavam na região, inclusive o Hebzollah, excetuando o exército libanês e a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL, na sigla em inglês), criada para garantir a estabilidade ao longo da fronteira. A resolução continua valendo.

Mas, o Hezbollah prosseguiu na construção de túneis com a finalidade de atacar Israel, transgredindo e desprezando a resolução da ONU, ainda que a UNIFIL esteja presente no sul do Líbano, desde 1978, com um efetivo de 10 mil homens para patrulhamento e observação. Mas, diante da existência de dezenas de quilômetros de túneis fica no ar a indagação sobre qual seria, de fato, a missão desse destacamento militar, os chamados Capacetes Azuis, que ao longo dos anos não se mobilizou para coibir ou denunciar com veemência a expansão dessa infraestrutura de terror?

Construção de túneis e bunkers prosseguem

À época da descoberta dos túneis subterrâneos, o exército israelense comunicou e levou a UNIFIL até os locais, antes de inutilizá-los por meio de explosivos ou preenchimento de concreto em suas saídas. Cruzando a fronteira em direção às comunidades do norte de Israel, os túneis serviriam para futuros ataques a postos militares e alvos civis. Contando com o apoio tecnológico da Coreia do Norte e o aporte financeiro do Irã, os túneis do Hezbollah são mais sofisticados do que os do Hamas e são escavados nas rochas, o que os tornam mais seguros, invisíveis e difíceis de detectar.

Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), desde o ataque de 7 de outubro do ano passado os militares já alcançaram mais de mil locais de armazenamento de armas do Hezbollah, em túneis e bunkers, perto da fronteira. Um dos túneis, descoberto  em maio, adentrava 10 metros no território israelense e tinha em seu interior armas e mísseis antitanques. A IDF calcula que mais de 3 mil terroristas estavam preparados para invadir a Galileia em apoio ao Hamas, logo após o ataque.

Na atual incursão da IDF no Líbano iniciada em outubro já foram bombardeados 3,5 quilômetros de um túnel subterrâneo que usava a fronteira da Síria para receber armamentos do Irã. A informação foi publicada no Jerusalem Post, em 4/10. Outro túnel subterrâneo usado pelos terroristas, a 300 metros da fronteira israelense, também foi neutralizado.

Túneis com tecnologia de ponta

Em agosto, o então líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, morto em Beirute, em 27 de setembro, exibia um vídeo intitulado Nossas Montanhas, Nossos Tesouros que mostrava integrantes do grupo armado em motocicletas e caminhões transportando mísseis no interior de amplos túneis subterrâneos iluminados.

Segundo o canal de TV libanês Al-Mayadeen, que exibiu o discurso de Nasrallah, a rede de túneis é altamente secreta e tem um sistema técnico de última geração, com dispositivos de comunicação criptografados e seguros na conexão com o exterior, permitindo que o lançamento de mísseis se efetive em minutos, após o recebimento das ordens. Desde outubro do ano passado, o Hezbollah já lançou mais de 7.500 foguetes e 200 ataques de drones contra o território israelense.

A declaração de Nasrallah ecoou pelas plataformas de notícias de todo o mundo, com vídeo e fotos, e ainda assim a ONU se manteve calada sinalizando sua desconsideração à divulgação de uma situação de tamanha gravidade geopolítica. Não se pode considerar normal um grupo terrorista manter uma rede de túneis subterrâneos de armazenamento de armas letais, se utilizando de um país membro da ONU, no caso o Líbano, para atacar Israel, outro país-membro.

O silêncio das nações diante dessa realidade transgressora que perdura por décadas  é uma posição acintosa que agride a sociedade israelense e os judeus que vivem na diáspora.  Iniciativas precisariam ser impulsionadas para pressionar países e governantes que abrigam núcleos terroristas e suas infraestruturas de guerra para que combatessem esse tipo de barbárie.

Pedidos de cessar-fogo nessa conjuntura anômala, em que um país é sistematicamente atacado por grupos terroristas sediados em Gaza, Cisjordânia, Líbano, Síria, Iemên, Iraque e Irã, refletem, no mínimo, a ausência de empatia quando o alvo da agressão é o estado de Israel. A indulgência velada aos terroristas que já mostraram suas faces cruéis e sanguinárias em um atentado que degolou bebês, estuprou meninas, queimou pessoas vivas e mantém reféns em condições sub-humanas, só envergonha e amesquinha o conjunto de nações e suas respectivas autoridades que teimam em desconsiderar o direito de Israel de defender a sua existência.

No dicionário do terror, pedir um cessar-fogo se traduz, basicamente, em reunir forças e se preparar para novos ataques. Em “rara” aparição pública, segundo a mídia global, o líder supremo do Irã,  o aiatolá Ali Khamenei, exibindo um rifle ao lado do corpo, defendeu a destruição do estado de Israel – “Israel não vai durar muito” -  e louvou o ataque ao território israelense que ocorreu três dias antes, na noite de 1 de outubro, quando foram disparados 180 mísseis, obrigando perto de 10 milhões de israelenses a se esconderem em abrigos antiaéreos.  Enquanto isso, o Hezbollah já lançou mais de 200 foguetes contra o norte de Israel, fazendo estragos e ocasionando vítimas, com a colaboração declarada de mais dois grupos terroristas, a Jihad Islâmica Palestina, que atua principalmente na Cisjordânia, e as Brigadas Al-Quds, da Faixa de Gaza, cuja liderança está sediada na Síria. No dia 9/10 duas pessoas morreram na cidade de Kiryat Shmona, no norte de Israel, depois que 90 foguetes foram lançados do Líbano, intensificando o conflito.

Esses grupos terroristas também executaram, nos últimos dez dias, três ataques terroristas sucessivos contra civis israelenses, com tiros e esfaqueamento, que resultaram em oito mortos e dezenas de feridos. Na estação de trem em Jaffa, na parte antiga de Tel Aviv (1 de outubro); na estação rodoviária de Bersheva, capital do Neguev(6/10) ; e na cidade de Hadera, entre Haifa e tel Aviv, em 9/10.