Sheila Sacks
Há quase um ano, desde o ataque terrorista do Hamas em 7/10, milhares de
cidadãos israelenses que viviam em cidades, vilas, pequenas comunidades e
fazendas coletivas perto da fronteira do Líbano estão morando provisoriamente
em quartos de hotéis, casas de parentes e alojamentos espalhados pelo
território de Israel em uma situação incerta e dramática.
Os ataques quase diários de mísseis do Hezbollah, vindos dos topos das
colinas e das florestas do Líbano, já destruíram ou danificaram centenas de moradias
ao longo da fronteira nesse período em que as forças de defesa de Israel (IDF) lutam em Gaza contra o Hamas.
Em face do perigo de um ataque do Hezbollah, semelhante ao do Hamas, a população
do norte de Israel localizada à beira da fronteira foi evacuada e desde então o
governo israelense mantêm essas famílias a salvo a um custo material e emocional
imensurável.
Em abril, seis meses após o ataque do Hamas, reportagem da agência
Reuters citava a declaração “de uma alta autoridade israelense”, que segundo a
agência “pediu anonimato por questão de segurança”, sobre o poder de fogo do
Hezbollah. “Na verdade, o Hezbollah é uma ameaça maior à fronteira do que o
Hamas, afirmava o entrevistado, “porque tem o dobro de combatentes de elite e
pode penetrar mais profundamente em Israel.”
Segundo essa autoridade, o Hezbollah vem sinalizando que está preparando
um ataque há anos. “Um perigo que Israel não pode aceitar”, garantiu, afirmando
que o governo pretende “empurrar” o Hezbollah para longe da fronteira, e a
questão é saber “como”.
O medo de um massacre ainda pior do que o perpetrado pelo Hamas (que matou
1.200 pessoas em suas casas, bases militares e em uma festa ao ar livre,
sequestrando 253 pessoas, inclusive crianças) resultou no deslocamento forçado de
uma imensa população de residentes que se viu transformada em refugiada no seu próprio
país. Uma situação que o governo quer mudar, em meio à guerra em Gaza e o
resgate de reféns.
O retorno dos 60 mil moradores à fronteira norte de Israel é agora uma missão
objetiva e presente para Israel, de tantas que o país vem desenvolvendo para
garantir o direito de sua própria sobrevivência. “A missão é clara”, disse o
Maj. Gen. Ori Gordin, que lidera o Comando Norte das Forças de Defesa de Israel.
“Estamos determinados a mudar a realidade da segurança o mais rápido possível”
(The Times of Israel, em 18/9).
Em sua análise, o jornal afirma que o Hezbollah tem cerca de 150 mil foguetes e mísseis, “ alguns dos quais se acredita terem sistemas de orientação que podem ameaçar alvos sensíveis em Israel, além de uma frota cada vez mais sofisticada de drones”. Estes seriam capazes de atingir e paralisar a vida em todo o país, provocando danos e impondo um regime de emergência para a população.