Por
Sheila Sacks
publicado pelo Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/curadoria-de-noticias/a-trilionaria-industria-da-longevidade/
Em
30 anos, a turma de mais de 65 anos vai ter mais gente do que a da faixa das
criançasmenores de 5 anos. Será um acontecimento histórico que vai gerar a
maior transformação social, política e econômica da humanidade, avaliam analistas
econômicos.Hoje, nos Estados Unidos a chamada indústria da longevidade já
movimenta 7,1 trilhões de dólares (29 trilhões de reais), mais que muitos
países. Se fosse uma nação, seria a terceira mais rica do planeta. Em 2020, a
previsão é que a faixa dos idosos terá nos bolsos 60 trilhões de reais para
gastar e que em 2050 o mundo seja habitado por2 bilhões de pessoas da chamada terceira
idade, de um total de 10 bilhões.
As
projeções estão no artigo “Os desafios mais rentáveis da humanidade” do
jornalista espanhol, Miguel Ângel García Vega, colunista do jornal “El País”. Ele
destaca que “o envelhecimento dapopulação do planeta é o prelúdio de todas as
grandes transformações que viveremos”. As consequências pouco agradáveis que
irão advir dessa inversão demográfica englobam basicamente as maiores chances
de as pessoas adoecerem. Em contrapartida, as indústrias farmacêuticas irão prosperar
ainda mais. Atualmente os remédios para o tratamento do câncer representam 10%
do mercado dos fármacos, com a doença atingindo 25% das pessoas dessa faixa
etária. A cada ano, cerca de 8,2 milhões de pessoas morrem desse mal.
A
demência, com destaque para o mal de Alzheimer, é mais uma doença associada ao
envelhecimento, responsável por 7,7 milhões de casos diagnosticados anualmente.
Em 2050, a previsão que esse número triplique ea sua cura
está sendo considerada uma das prioridades da indústria farmacêutica.
Outra
doença que irá demandar atenção e recursos da área da Saúde Governamental é a
obesidade que triplicou desde 1980 e já apresenta características de epidemia
global. Existem 671 milhões de obesos no
planeta e perto de 2,1 bilhões de pessoas com sobrepeso. Com esses números,
além da expansão da indústria de remédios, empresas dos setores de alimentação
e dietas, roupas esportivas e até companhias aéreas têm se beneficiado dessa
situação, com poltronas especiais para obesos a preços mais caros.
A terceira idade e a urbanização
O
envelhecimento também irá acelerar a urbanização das grandes cidades porque as
pessoas vão querer morar mais próximas. Segundo o futurólogo americano Alex
Steffen, citado no artigo, 9% da população da terra se concentrará em 41
megacidades até 2030. “Hoje há menos da metade dos edifícios que existirão em
2050“, afirma. O efeito imediato será o aumento do valor das moradias, o que já
ocorre em cidades como Londres, cujo preço das residências subiu 35% desde
2008.
Outro
fato a considerar é que com a longevidade e a maior expectativa de vida crescerão
o número de aposentados pressionando o aumento da dívida pública nas economias
avançadas que terão de cortar nos benefícios e na saúde para controlar o
déficit. Uma oportunidade de negócios para as empresas privadas de saúde e de
aposentadorias, considerando que em 2030, a previsão é que 2 bilhões de seres
humanos, metade deles na Índia, farão parte de uma nova classe média com renda
per capita entre 10 e 100 dólares.
Esse
aumento de renda também irá empurrar o mundo para a produção de mais alimentos,
ainda que as terras potencialmente cultiváveis estejam dimensionadas em apenas
1,4 bilhão de hectares( cada vez mais concentradas nas mãos de grandes empresas, principalmente
na África e na América Latina) e a atividade da agricultura consuma 70% da água
utilizada em todo o mundo.
Mas,
mesmo em um mundo habitado por um maior percentual de gente idosa, a tecnologia
irá seguindo em sua caminhada de desenvolvimento (plataformas digitais,
impressora 3D, robótica, inteligência artificial etc),afetando de maneira mais
intensa todos os negócios e as relações humanas. O combate aos crimes digitais
e os investimentos em cibersegurança, atualmente estimados entre 375 e 575
bilhões de dólares anuais, serão intensificados. Em relação a empregos
“manuais”, analistas do Bank of America
Merrill Lynch estimam que, em 2025, 45% das etapas de fabricação industrial
serão realizadas por robôs. Um cenário que se avizinha desafiador, levando em
conta que hoje esse número corresponde a 10%.