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domingo, 20 de agosto de 2023

Chabad Copacabana anuncia campanha para construção de nova sede

  - Prédio sustentável será um marco na arquitetura brasileira - 

Sheila Sacks / 


Bairro ícone do país e um dos mais visitados por turistas internacionais, Copacabana vai ganhar um centro judaico inovador, com sustentabilidade e tecnologia. O Maayan Jewish Center terá a cara do Rio, estado que congrega a segunda comunidade judaica do Brasil, com 20 mil membros. O prédio será erguido onde atualmente funciona a casa do Chabad e se constituirá na primeira construção de madeira de mais de dois andares da cidade e o primeiro prédio cultural em madeira engenheirada (madeira que passa por processos de engenharia e são pré-fabricadas) do país.


Situado ao lado de um parque florestal, perto do metrô e da praia, a pouca distância do hotel mais emblemático do Brasil, o Copacabana Palace, o novo espaço vai atender o bairro onde se concentra o maior número de judeus.

Além de uma sinagoga com 300 lugares, o prédio terá capacidade para acolher com mais conforto e segurança toda a comunidade que participa das atividades religiosas e culturais que o Chabad oferece, como miniamim diários, Shabat, Chaguim, Beit Midrash, Colel diário (manhã e à tarde), aulas, palestras e seminários.


Inaugurado em janeiro de 2008, o Maayan - Lubavitch Copacabana funciona em uma casa de dois pavimentos e é dirigido pelo rabino Ilan Stiefelmann e sua esposa Deby. Sete mil judeus participam anualmente de suas atividades. O novo prédio, com três pavimentos e cobertura, vai beneficiar a comunidade em matéria de espaço, já que dezenas de eventos, por falta de instalações adequadas, tiveram que ser realizados em locais diversos, como por exemplo, em hotéis da cidade.


Segundo o Chabad, anualmente cerca de 50 mil turistas judeus visitam a cidade e ter um espaço que reúna sinagoga, salão multiuso para eventos, terraço, cafeteria, restaurante,  cozinha industrial, Mikve (feminino e masculino), salas de estudo, biblioteca, quadra poliesportiva, Kosher Gym (fitness) e áreas de lazer, inclusive infantil, vai ser um diferencial no sentido de proporcionar aos visitantes um ambiente único e pleno de convivência  judaica.


A campanha de doação será promovida entre 9 e 13 de setembro e o sucesso depende da participação de cada um. Guarde esta data!

 

Mais sinagogas

 

Benjamin Netanyahu na sinagoga de Copacabana, em 2018


Copacabana tem mais três casas de rezas que funcionam diariamente: 

- A  tradicional sinagoga Kehilat Yakov, mais conhecida como a Sinagoga de Copacabana, fundada em 1956 e que tem à frente o rabino Shai Tauber, filho do rabino Eliezer Stauber, que por mais de 35 anos dirigiu o templo. 


O prédio fica ao lado da pracinha do Bairro Peixoto, um oásis dentro de Copacabana com suas casas das décadas de 1940/1950 tombadas pelo patrimônio municipal.  

- A sinagoga Beth-El (Confarad), conhecida como a sinagoga do CIB, porque foi construída no terreno do Clube Israelita Brasileiro. 


Ainda nas instalações do CIB funcionam um mercadinho e um restaurante Casher.

-  E a sinagoga ortodoxa do Colégio TTH Barilan, a Kehilat Moriah. A escola tem cozinha industrial e restaurante Casher. Também funciona no colégio (que vai do maternal ao Segundo Grau),  o movimento Bnei Akiva. 

As três sinagogas estão localizadas no "coração de Copacabana", entre os postos quatro e cinco, na região mais movimentada e turística.  


Informação posterior: a arrecadação se encerrou às 19h do dia 13/9, com o valor de R$ 5.031.242, bem acima da meta inicial de R$ 3 milhões.

sábado, 12 de agosto de 2023

Paraguai muda governo e promete embaixada em Jerusalém - país também já formou frente parlamentar pró-Israel

  / Sheila Sacks / 

Às vésperas de assumir a presidência do Paraguai, em 15 de agosto,  o economista Santiago Peña, do Partido Colorado , anunciou seu compromisso de transferir a embaixada do Paraguai para Jerusalém.

Um dos principais jornais do Paraguai, o La Nacion, estampou a manchete na primeira página, em sua edição de 8 de agosto. Peña, um conservador de 44 anos, recebeu 42% dos votos do eleitorado e foi eleito em 30 de abril ( no Paraguai não tem segundo turno).  Em seu currículo, alguns destaques: foi membro do Conselho do Banco Central,  Ministro da Fazenda e ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional.  

Embora o Paraguai tenha uma das economias que mais crescem na América Latina – com previsão de +4,5% para o PIB em 2023, segundo o Fundo Monetário Internacional –, a pobreza atinge 24,7% da população, que sofre com enormes desigualdades. O novo presidente planeja criar 500 mil empregos e diz que  “visualiza um triângulo geopolítico para o Paraguai que vai de Washington a Jerusalém e termina em Taipé (capital de Taiwan)”. Segundo Peña, esse é o modelo que quer projetar, “ de uma nação livre e soberana”.

As declarações foram feitas no Congresso Nacional, em 7 de agosto, durante a adesão de 36 parlamentares paraguaios à Fundação Aliados de Israel, criada em 2004 e com sede em Washington,  que conta com a participação de 56 países. Na ocasião , Peña afirmou que o Paraguai vai reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, ”lugar onde o povo judeu se identifica. E que a Embaixada voltará ao lugar onde sempre deveria estar”. Lembrou que os dois países tem laços históricos importantes e que pretende fortalecê-los nos próximos anos em benefício de ambas as nações. 

Os  parlamentares em questão formarão um grupo pró-Israel no Senado e de acordo com Leopoldo Martínez, diretor da América Latina da Fundação Aliados de Israel, essa coligação vai aprofundar ainda mais as relações entre Paraguai e Israel.

Em setembro de 2018, o então presidente empossado Mario Abdo Benítez anunciou o retorno da embaixada para Tel Aviv, mudando a decisão do governo anterior, de Horacio Cartes, que em maio daquele ano, no final de sua administração,  havia instalada a representação diplomática em Jerusalém, seguindo os EUA e a Guatemala.  A reação do governo israelense foi fechar a embaixada em Assunção e designar o embaixador do Uruguai para cuidar dos assuntos relativos ao Paraguai.

Beit Chabad e Museu Judaico

A comunidade judaica do Paraguai tem em torno de mil membros e a maioria vive na capital. Segundo o Congresso Judaico Mundial (WJC, na sigla em inglês) a comunidade é de perfil tradicional e sionista, formada por várias instituições como a União Hebraica, sede das atividades sociais, esportivas, culturais e religiosas;  o Colégio Estado de Israel (instituição que oferece educação judaica formal ), a Aliança Israelita (Chevrá Kadisha) que administra o cemitério e a organização religiosa Beit Chabad.  

Também atuam no país, instituições de benemerência como a WIZO e Bnai Brith, e o movimento juvenil sionista Noar Hatzioní. Tem três sinagogas e em 2013 foi inaugurado o Museu Judaico que promove visitas guiadas e palestras, com exposição permanente de objetos religiosos e área dedicada à recordação do Holocausto.

Apoio a Israel e atentado terrorista

Com 6,7 milhões de habitantes, o Paraguai tem um histórico de apoio a Israel. Em 29 de novembro de 1947,  quando da votação na ONU sobre a partilha da Palestina, o Paraguai se tornou o 33º país a votar “sim” para a criação de um estado judeu independente. Em 1949, estabeleceu relações diplomáticas com Israel e ao longo do tempo tem frequentemente se abstendo ou votando contra resoluções da Assembleia Geral da ONU e de outros fóruns internacionais que atacam ou criticam Israel por suas ações de defesa no conflito israelense-palestino.

Em 2019, o Paraguai designou o  Hezbollah como uma organização terrorista internacional , abrindo caminho para que o país agisse contra o grupo criminoso em seu território. Duas décadas antes dos ataques em Buenos Aires contra a embaixada israelense (1992) e ao Centro Comunitário Judaico Amia (1994), o Paraguai já tinha sido palco de um atentado terrorista  que resultou na morte de uma funcionária da embaixada de Israel. Foi em 4 de maio de 1970 ( o primeiro ataque terrorista a uma embaixada israelense), quando dois terroristas árabes invadiram o local, em Assunção, com o intuito  de assassinar o embaixador Benjamin Weiser Varon ( falecido em 2010).

No ataque morreu baleada Edna Peer, 36 anos, mãe de três filhos e esposa do primeiro secretário Moshe Peer,  e ficou gravemente ferida Diana Zawluk, ambas israelenses que trabalhavam na delegação.  Os atacantes, de 20 e 21 anos, eram de origem palestina, originários da Faixa de Gaza e membros do grupo Al-Fatah do então líder Yasser Arafat. Durante as investigações foi constatado que os terroristas tiveram a ajuda de árabes que viviam no Paraguai. Eles foram presos e condenados a 13 anos de detenção, mas depois de nove anos foram libertados.

Cinquenta anos depois, em entrevista ao jornal paraguaio ABC Color, Diana Zawluk relembrou o ataque e contou que os homens atiraram na segunda vez que vieram à embaixada, após serem informados que o embaixador não estava no local. Ela levou cinco tiros e conseguiu sobreviver por milagre.

Brasileiros no Paraguai

Reportagem recente da BBC News Brasil mostra que cada vez mais brasileiros estão se mudando para o país vizinho. Em relação aos universitários de Medicina, a quase totalidade é de brasileiros que optam por estudar naquele país pelos custos mais baixos.  Investidores brasileiros são forte presença nos setores do agronegócios, têxtil e de autopeças pelas facilidades para a exportação e o sistema de impostos. Empreendedores destacam a energia barata.

Segundo dados recentes do Itamaraty, o Paraguai é o primeiro destino dos imigrantes brasileiros na América Latina, com cerca de 246 mil pessoas, quase a metade vivendo na Ciudad del Este (98 mil), a segunda maior do país. Já a Câmara de Comércio Paraguai Brasil projeta outros números e estima que são cerca de 400 mil, principalmente na região da fronteira. O Paraguai é o terceiro país, depois de EUA e Portugal, com a maior comunidade brasileira (Por que tantos brasileiros estão se mudando para o Paraguai – 18/4/2023).