Por Sheila Sacks
A revista Forbes, conhecida por suas listas de ricos e famosos, publicou no início do ano uma lista
sobre as 10 organizações terroristas mais ricas do mundo. Parece piada de mau
gosto, mas a informação é relevante na medida em que desvenda uma face pouco
conhecida da estrutura do terror. Ainda assim, a notícia não ganhou espaço na
mídia internacional e a repercussão ficou perto de zero.
O preocupante é que três desses grupos terroristas vips estão nas
portas do estado de Israel: o movimento xiita libanês Hezbollah, que encabeça a
lista, com arrecadação de 1,1 bilhão de dólares; o Hamas, grupo palestino que
comanda a Faixa de Gaza, com rendimento anual de 700 milhões de dólares (
terceiro da lista); e a Jihad Islâmica na Palestina, com recursos de 100
milhões de dólares (oitavo da lista). Seus líderes têm mansões luxuosas na
Europa e se locomovem em jatinhos particulares.
Com o dinheiro proveniente do narcotráfico (revelado pela operação 'Cassandra', do governo americano), tráfico de armas, lavagem
de dinheiro, falsas organizações assistenciais, negócios imobiliários e o
continuado apoio financeiro e logístico do Irã (terceiro maior produtor de
petróleo da Opep), os três grupos criminosos têm um denominador comum: o
terrorismo contra Israel. Uma fato inegável que a comunidade mundial prefere
ignorar.
Completam essa lista vexatória os grupos Talibã (800 milhões de
dólares), Al-Qaeda (300 milhões), ISIS ou Estado Islâmico (200 milhões),
Partido dos Trabalhadores do Curdistão (180 milhões), Kata’ib Hezbollah (150
milhões), Lashkar-e-Taiba (75 milhões) e Real IRA (50 milhões).
Sem dúvida causa estranheza que a mídia mundial tenha passado ao largo da informação, se mostrando
avarenta em seus espaços em relação à notícia que foi pontualmente divulgada
por alguns sites.
É fato que o terrorismo vai muito além da figura individual de quem
pratica o ataque. Esta é apenas o produto final de um mecanismo diabólico que
promove o ódio, a vingança e o desrespeito à vida humana. Existe toda uma
engrenagem, por trás do sujeito que mata, envolvendo logística, propaganda e,
principalmente, a captação de recursos, ponto fundamental que requer atenção
permanente dos governos democráticos para uma eficaz oposição a esse tormento
contemporâneo.
Contudo, a realidade percebível é diferente. Caprichos ideológicos
populistas e de mercado interferem continuadamente no combate a esses grupos
por parte das diferentes nações que, mesmo padecendo com atentados violentos,
esbarram na falta de vontade política de seus governantes no sentido de apontar
publicamente os países implicados com o terrorismo e assumir sanções
diplomáticas.
Recursos para organizações
Também colabora para esse ambiente propício a ações violentas a proliferação
de instituições formalmente constituídas, de natureza e objetivos diversos, financeiramente
acolhidas por recursos difusos e imprecisos que apoiam e propagam narrativas
distorcidas da realidade.
São organizações não governamentais (ONGs), pseudossociais e
assistenciais que recebem verbas milionárias e que, centradas em dados
partidários e sem o devido contraditório, se dispensam do consciente cuidado na
averiguação e na veracidade dos fatos, por uma inqualificável lealdade aos seus
financiadores.
Um prato cheio para a mídia apressada e parcial que, além de veicular
esses falsos enredos, tecem opiniões sociopolíticas acusatórias. Assim sendo,
com a informação real subjugada a uma ficção de insinuações, provocações e
meias-verdades, fomenta-se o clima de revolta e raiva contra as comunidades
judaicas, notadamente, na Europa.
Informações desvirtuadas
Se no momento do ato terrorista o espanto da sociedade e a mobilização
policial acontecem sob os holofotes da mídia, em pouco tempo essa agitação
recua a níveis toleráveis, abrindo espaço, mais uma vez, para o retorno das
simulações e do envenenamento diário e acumulativo das informações
desvirtuadas.
No caso específico do estado de Israel, essa tática de desinformação levada
a cabo por líderes palestinos e seus aliados tem se revelado producente nos
quatro cantos do mundo justamente por conta da participação, voluntária ou
acidental, dos órgãos de comunicação. As iniciativas do governo israelense visando
desbaratar e conter ações terroristas são sistematicamente condenadas por
várias plataformas de comunicação sob a argumentação de que as populações civis
são as mais atingidas.
Mas,
tratando-se de populações manipuladas e usadas como escudos humanos por suas
lideranças polítco-religiosas, ativamente engajadas nos processos dos ataques
terroristas - educando, incentivando e guiando suas crianças e seus jovens,
filhos e netos, na doutrina do ódio e do confronto violento -, é crível supor
que inexiste uma sociedade civil, nos padrões normais, nessas regiões. E é com
essa anomalia que as forças de defesa de Israel precisam lidar cotidianamente.
Uma situação
complicada e dramática em termos de geopolítica e de estratégia militar e da
qual seus adversários tiram proveito mercadológico e político, lançando mão de
ardis de marketing e ilícitos de toda a ordem para injetarem fortunas em
organizações que, de forma astuciosa ou de modo violento, pregam a destruição
do estado de Israel.
Acordo beneficiou Hezbollah
A reportagem
da Forbes de Israel – “Hezbollah: a mais rica das organizações terroristas”
- afirma que seis meses após o acordo nuclear do Irã (firmado com os
EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia, China e Alemanha, em 14 de julho de 2015), a
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) retirou todas as sanções
econômicas impostas àquela república islâmica, beneficiando sobejamente o
Hezbollah, que começou a ganhar mais recursos e apoio militar de Teerã.
Dos 200
milhões de dólares recebidos anualmente, o grupo terrorista libanês pulou para
um orçamento de 1,1 bilhão de dólares. Equipamentos de guerra e de inteligência
e todo um sistema que inclui milhares de mísseis e foguetes fornecidos pelo
governo iraniano se somam às cifras bilionárias.
Nunca é demais
lembrar que a exportação do petróleo corresponde a 80% da renda do Irã e, com o
retorno de dezenas de petroleiros ao Estreito de Ormuz, o desbloqueio dos
ativos e a reconexão com o sistema bancário mundial, em menos de um ano as
exportações voltaram a sua capacidade anterior como as sanções jamais tivessem ocorridas.
Aliado do Irã
na guerra civil da Síria, o Hezbollah já enviou, desde 2013, mais de 9 mil
combatentes, um terço de seu efetivo, para lutar ao lado do regime de Assad. Em
três décadas essa milícia local se transformou em um importante braço militar
de Teerã, atuando também no Iraque e no Iêmen.
O general
Herzi Halevi, chefe do centro de Inteligência Militar de Israel (Aman), afirma
que é fundamental interromper esses enormes fluxos de recursos que fluem dos
países para as organizações terroristas. Ele explica que apesar de alguns
sucessos pontuais, o mundo ainda não ativou mecanismos internacionais
suficientes para cortar o contato entre países e essas corporações criminosas.