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sexta-feira, 2 de março de 2018

Restos mortais de israelenses nas mãos do Hamas


Por Sheila Sacks
A celebração anual em memória aos soldados mortos em defesa da pátria e às vítimas de atos terroristas –  o Yom Hazikaron – que este ano vai ocorrer após o anoitecer de 17 de abril e durante o  dia 18, feriado nacional, provavelmente ainda terá um componente dramático que se arrasta há quase quatro anos: o sequestro dos restos mortais de dois militares israelenses, pelo Hamas, em desprezo às Convenções de Genebra de 1949 (artigos 16 e 17), e aos protocolos do Direito Internacional Humanitário (DIH).
O tenente Hadar Goldin, de 23 anos, e o sargento Oron Shaul, 20 anos, foram mortos durante o conflito militar em Gaza, em 2014. Desde então, o grupo terrorista mantém os corpos dos soldados em seu poder, não permitindo que suas famílias os enterrem.
Mortes no cessar-fogo
Em 1 de agosto de 2014, menos de duas horas após o cessar-fogo humanitário entre Israel e o Hamas, terroristas do grupo emergiram de um túnel subterrâneo, no sul da Faixa de Gaza, e emboscaram uma unidade militar, matando o tenente Goldin e sequestrando o seu corpo.
Nesta ocorrência também foram mortos o major Benaya Sarel, de 26 anos e o sargento Liel Gidoni, de 20.  Dez dias antes, em 20 de julho, um míssil antitanque disparado pelo Hamas já havia atingido um blindado israelense matando sete soldados. Porém o corpo do sargento Shaul não foi encontrado.
O professor emérito de Direito, Irwin Cotler, ministro da Justiça do Canadá, de 2003 a 2006 e membro do Parlamento canadense por 16 anos (1999-2015), lembra que parte das responsabilidades da ONU é justamente garantir que as regras do Direito Internacional sejam cumpridas.

Renomado especialista de Direitos Humanos, Cotler afirma que desde o início o Hamas desconsiderou as Convenções de Genebra a partir da violação do cessar-fogo. Nos anos subsequentes, ignorou os princípios básicos do direito internacional humanitário, não fornecendo informações sobre o satuts dos soldados mortos ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha e não devolvendo os restos mortais as suas famílias.

Em dezembro de 2017, os pais do tenente Goldin estiveram no Conselho de Segurança da ONU em uma sessão dedicada à questão. Eles apelaram para que o órgão se mobilizasse com ações concretas para pressionar o Hamas, denunciando que o filho morreu durante um cessar-fogo patrocinado pela ONU.

Em sua campanha para trazer os restos mortais do filho, Leah Goldin contou também que o irmão gêmeo de Hadar, durante a guerra de Gaza, foi responsável pelo resgate de soldados feridos e mortos, salvando igualmente palestinos apanhados no fogo cruzado. “Enquanto nosso filho Tzur salvava famílias palestinas, nosso outro filho, Hadar, era morto e seus restos mortais sequestrados”, lamenta.

Túnel custa 5,9 milhões de dólares

Em janeiro deste ano, os pais dos militares mortos se encontraram com o enviado americano do governo Trump à região, Jason Greenblatt, que criticou o Hamas por reter os restos mortais dos israelenses.

Em visita a um túnel escavado sob a fronteira de Gaza, ele revelou que o Hamas gasta 5,9 milhões de dólares na construção de um único túnel de terror e cerca de 30 mil dólares por dia em receita perdida quando o túnel é fechado. “O Irã fornece anualmente ao Hamas 100 milhões de dólares e o Hamas derrama esse dinheiro na violência e no ódio, ao invés de melhorar a vida da população de Gaza”.

Greenblatt também acusou o Irã de patrocinar o terror contra Israel injetando recursos da ordem de 1 bilhão de dólares anuais no Líbano e Cisjordânia, além de Gaza. “Um dinheiro sujo de sangue que só aumenta a violência e não melhora a vida do povo palestino.”

Em junho do ano passado, Greenblatt, que é o representante especial dos EUA para negociações internacionais, já havia se encontrado com os pais dos militares em Israel e emitido um comunicado manifestando a sua indignação com a recusa do Hamas em devolver os corpos dos israelenses e seu apoio na luta das famílias para resolver o impasse.

O conflito em Gaza (‘Operação Margem Protetora’) teve início em 8 de julho de 2014, impulsionado pelo sequestro e assassinato de três adolescentes israelenses, ocorrido em 12 de junho. A operação durou 51 dias e se encerrou em 26 de agosto. Sessenta e sete soldados morreram nos confrontos.

Fontes:
Jerusalem Post – “Where is world outrage over Hadar Goldin and Oron Shaul?” (Richard Kemp, Jim Molan, Arsen Ostrovsky), em 30.04.2017
The Media Line – “The legal and moral battle to bring home Hadar Goldin and Oron Shaul” (Charles Bybelezer), em 28.01.2018.
Jerusalem Post – “Greenblatt slams Hamas use of Iranian ‘blood mone’ for terror” (Eitan Halon), em 05.02.2018