Por Sheila Sacks
A
celebração anual em memória aos soldados mortos em defesa da pátria e às
vítimas de atos terroristas – o Yom
Hazikaron – que este ano vai ocorrer após o anoitecer de 17 de abril e durante o dia 18, feriado nacional, provavelmente ainda
terá um componente dramático que se arrasta há quase quatro anos: o sequestro
dos restos mortais de dois militares israelenses, pelo Hamas, em desprezo às
Convenções de Genebra de 1949 (artigos 16 e 17), e aos protocolos do Direito
Internacional Humanitário (DIH).
O
tenente Hadar Goldin, de 23 anos, e o sargento Oron Shaul, 20 anos, foram
mortos durante o conflito militar em Gaza, em 2014. Desde então, o grupo
terrorista mantém os corpos dos soldados em seu poder, não permitindo que suas
famílias os enterrem.
Mortes no cessar-fogo
Em
1 de agosto de 2014, menos de duas horas após o cessar-fogo humanitário entre
Israel e o Hamas, terroristas do grupo emergiram de um túnel subterrâneo, no
sul da Faixa de Gaza, e emboscaram uma unidade militar, matando o tenente
Goldin e sequestrando o seu corpo.
Nesta
ocorrência também foram mortos o major Benaya Sarel, de 26 anos e o sargento
Liel Gidoni, de 20. Dez dias antes, em 20 de julho, um míssil antitanque
disparado pelo Hamas já havia atingido um blindado israelense matando sete
soldados. Porém o corpo do sargento Shaul não foi encontrado.
O professor emérito de Direito, Irwin Cotler, ministro da Justiça
do Canadá, de 2003 a 2006 e membro do Parlamento canadense por 16 anos
(1999-2015), lembra que parte das responsabilidades da ONU é justamente garantir
que as regras do Direito Internacional sejam cumpridas.
Renomado especialista de Direitos Humanos, Cotler afirma que desde
o início o Hamas desconsiderou as Convenções de Genebra a partir da violação do
cessar-fogo. Nos anos subsequentes, ignorou os princípios básicos do direito
internacional humanitário, não fornecendo informações sobre o satuts dos
soldados mortos ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha e não devolvendo os
restos mortais as suas famílias.
Em dezembro de 2017, os pais do tenente Goldin estiveram no
Conselho de Segurança da ONU em uma sessão dedicada à questão. Eles apelaram
para que o órgão se mobilizasse com ações concretas para pressionar o Hamas,
denunciando que o filho morreu durante um cessar-fogo patrocinado pela ONU.
Em sua campanha para trazer os restos mortais do filho, Leah
Goldin contou também que o irmão gêmeo de Hadar, durante a guerra de Gaza, foi
responsável pelo resgate de soldados feridos e mortos, salvando igualmente
palestinos apanhados no fogo cruzado. “Enquanto nosso filho Tzur salvava
famílias palestinas, nosso outro filho, Hadar, era morto e seus restos mortais
sequestrados”, lamenta.
Túnel custa 5,9 milhões de
dólares
Em janeiro deste ano, os pais dos militares mortos se encontraram
com o enviado americano do governo Trump à região, Jason Greenblatt, que
criticou o Hamas por reter os restos mortais dos israelenses.
Em visita a um túnel escavado sob a fronteira de Gaza, ele revelou
que o Hamas gasta 5,9 milhões de dólares na construção de um único túnel de terror
e cerca de 30 mil dólares por dia em receita perdida quando o túnel é fechado.
“O Irã fornece anualmente ao Hamas 100 milhões de dólares e o Hamas derrama
esse dinheiro na violência e no ódio, ao invés de melhorar a vida da população
de Gaza”.
Greenblatt também acusou o Irã de patrocinar o terror contra
Israel injetando recursos da ordem de 1 bilhão de dólares anuais no Líbano e
Cisjordânia, além de Gaza. “Um dinheiro sujo de sangue que só aumenta a
violência e não melhora a vida do povo palestino.”
Em junho do ano passado, Greenblatt, que é o representante
especial dos EUA para negociações internacionais, já havia se encontrado com os
pais dos militares em Israel e emitido um comunicado manifestando a sua
indignação com a recusa do Hamas em devolver os corpos dos israelenses e seu
apoio na luta das famílias para resolver o impasse.
O
conflito em Gaza (‘Operação Margem Protetora’) teve início em 8 de julho de
2014, impulsionado pelo sequestro e assassinato de três adolescentes
israelenses, ocorrido em 12 de junho. A operação durou 51 dias e se encerrou em
26 de agosto. Sessenta e sete soldados morreram nos confrontos.
Fontes:
Jerusalem Post –
“Where is world outrage over Hadar Goldin and Oron Shaul?” (Richard Kemp,
Jim Molan, Arsen Ostrovsky), em 30.04.2017
The Media Line – “The legal and moral battle to
bring home Hadar Goldin and Oron Shaul” (Charles Bybelezer), em 28.01.2018.
Jerusalem Post – “Greenblatt slams Hamas use of
Iranian ‘blood mone’ for terror” (Eitan Halon), em 05.02.2018