Solenidade aconteceu três dias antes das cerimônias memoriais do Iom
HaShoá (Dia da Memória do Holocausto), em Israel (27 de Nissan, 5/6 de maio), quando
uma sirene de dois minutos parou o país, na parte da manhã, para lembrar os 6
milhões de mortos vítimas do regime nazista, entre 1933 e 1945.
Sheila Sacks
Depois de São Paulo, foi a vez do estado do Rio de Janeiro aderir à
Definição Funcional de Antissemitismo da Aliança Internacional para Lembrança
do Holocausto (IHRA). A cerimônia ocorreu na sexta-feira, 3 de maio, no Palácio
Guanabara, onde o governador Claudio Castro assinou o documento acompanhado de
lideranças judaicas.
A definição, adotada por 40 países e decidida na
plenária de Bucareste, em 26 de maio de 2016, afirma que “o antissemitismo é uma
certa percepção dos judeus, que pode ser expressa como ódio aos judeus. As
manifestações retóricas e físicas do antissemitismo são dirigidas a indivíduos
judeus ou não judeus e/ou às suas propriedades, a instituições comunitárias
judaicas e instalações religiosas".
Importante destacar que a cidade do Rio, capital do
estado, já tinha aderido ao protocolo desde o ano passado, em 3 de novembro de
2023, menos de um mês após o massacre de 7 de outubro, tornando-se a primeira
cidade brasileira a adotar a definição da IHRA.
Na ocasião, o prefeito Eduardo Paes abriu o Palácio
da Cidade para as lideranças judaicas e fez questão de assegurar que a
prefeitura está atenta às manifestações de preconceito. "Quero que todos
vocês aqui, na cidade do Rio de Janeiro, se sintam muito tranquilos. Não vamos
deixar que ninguém sofra algum tipo de preconceito por causa de sua origem, fé
ou religião. Tenham a prefeitura do Rio como parceira de vocês", afirmou.
Anteriormente, em 9 de outubro, dois dias depois do
brutal ataque, a sede do legislativo carioca foi iluminada de azul e branco,
cores da bandeira de Israel, em um ato de apoio e solidariedade às vítimas do
massacre. A iniciativa da Comissão dos Direitos Humanos da Casa teve o apoio da
presidência da Câmara.
Não esquecer
A IHRA é formada por 35 países membros, entre eles Argentina,
Canadá, Estados Unidos, Portugal, Espanha,
Suécia, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, entre outros, e 8 países
observadores: Brasil, Uruguai, Chipre, Turquia, Moldávia, Bósnia e Herzegovina, Mônaco e Nova Zelândia.
O Brasil aderiu à IHRA em 9 de novembro de 2021,
como país observador, cumprindo os trâmites exigidos. E no seu comunicado à imprensa, publicado no site oficial do
governo, o Itamaraty afirmou que “a diplomacia brasileira buscará trabalhar
dentro da IHRA para promover a educação e a pesquisa sobre o Holocausto, bem
como para melhorar as políticas nacionais de combate ao antissemitismo”.
Também lembrou que o Brasil é o “lar da segunda
maior comunidade judaica da América Latina e a décima maior do mundo, e se
orgulha de ter acolhido famílias que fugiram dos horrores do Holocausto”.
A data da adesão, 9 de novembro, marca o pogrom nazista de 1938, conhecido como a “Noite dos Cristais”, o violento ataque nazista que se deu em toda a Alemanha e nas regiões ocupadas da Áustria e da antiga Tchecoslováquia. Centenas de sinagogas, lojas e residências judaicas foram vandalizadas, saqueadas, incendiadas e destruídas. Pelo menos 91 judeus foram brutalmente assassinados.