/ Sheila Sacks /
O ecoturismo cresceu no
país no ano passado superando o período de antes da pandemia que teve o seu
pico, em 2019, quando 15,3 milhões de turistas visitaram unidades nacionais de
conservação. Em 2021, esse número aumentou para 17 milhões. Os dados são do Ministério do Turismo.
O Parque Nacional da
Tijuca, no Rio, foi a segunda área ambiental mais procurada, com 1,7 milhão de turistas,
seguido pelo Parque Nacional de Jericoacoara (Ceará), com 1,6 milhão. Já a
campeã de visitas foi a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, no litoral
sul de Santa Catarina, que tem 130 km de costa marítima e abrange nove
municípios. Os visitantes somaram 7 milhões, um recorde. O local leva esse nome
porque a baleia franca, em sua rota migratória, passa pela região entre os
meses de junho e novembro.
Entre os dez parques mais
visitados contam ainda o Parque Nacional da Serra da Bocaina, entre as divisas
de Rio e São Paulo; o Parque Nacional do Iguaçu, no extremo oeste do Paraná; a
Reserva Extrativista Marinha do Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio; e
a Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha, arquipélago a 350 km da
costa nordeste do país.
Geoparques
A novidade em 2022 é que desde
21 de abril o Brasil passa a contar com três geoparques reconhecidos pela
Unesco (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization), a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. São eles: Caminhos dos
Cânions do Sul - que atravessa os estados de Santa Catarina e Rio Grande do
Sul; Seridó, no Rio Grande do Norte (ambos aceitos este ano); e Araripe, no
Ceará, este último o primeiro parque geológico das Américas aprovado pela
Unesco, em 2006.
Os geoparque são áreas de relevância geológica
reconhecidos internacionalmente, testemunhas importantes da evolução do planeta
Terra. Com essa visão, a Unesco criou, em 2004, a Global Geoparks Network
(GGN), uma rede internacional que hoje reúne 177 geoparques de 46 países
formando um patrimônio geológico único em matéria de beleza, história e
administração sustentável.
No caso dos geoparques Caminhos dos Cânions do
Sul e Seridó, a decisão foi anunciada em 13 de abril, em Paris, na 214ª sessão do Conselho Executivo do órgão, e
oficializada dia 21. Para a Unesco, os geoparques são os “territórios do
futuro” porque geram oportunidades de renda e melhorias nas comunidades.
Características
O geoparque sulista se caracteriza pelo bioma
da Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais ricos do planeta em termos de
biodiversidade. Também apresenta grandes paleotocas (cavidades subterrâneas) do
período pré-colombiano quem eram utilizadas por mega-animas já extintos como a
preguiça gigante. Tem rios, dunas, lagos, cachoeiras, praias, trilhas, pousadas
e toda a infraestrutura para atender o ecoturismo. A gralha azul é um dos
símbolos da região.
Mas, o que mais impressiona, de acordo com a
Unesco, são os cânions, os maiores da América Latina, que se estendem por 200
quilômetros. As escarpas foram formadas por processos geomorfológicos únicos
durante a dissolução do supercontinente Gondwana, há cerca de 180 milhões de
anos. Pesquisas geológicas postulam que Gondwana ( referência a uma região na
Índia) foi um supercontinente que existiu há mais de 2oo milhões de anos antes
de se dividir no que hoje são os continentes ou subcontinentes da África,
América do Sul, Antártida, Índia e Austrália.
O Geoparque de Seridó fica no semiárido
nordestino, tem 2.800 km2 e é composto por um bioma exclusivamente brasileiro:
a Caatinga. Abriga 21 geossítios de interesse geomorfológico, paleontológico e
arqueológico de mais de 500 milhões de anos e possui uma das maiores reservas
de scheelita da América do Sul, um mineral estratégico usado em equipamentos de
raio-x, motores de foguetes, revestimentos de mísseis etc.
O de Araripe, que se estende por uma área de
3.789 km2, é uma região importante para o registro geológico do período
Cretáceo (entre 150 e 90 milhões de anos), com geossítios preservados de fragmentos
de troncos e fósseis petrificados de aproximadamente 145 milhões de anos. Como,
por exemplo, restos de pterossauros (variedade de réptil voador), dinossauros,
tartarugas, peixes e vegetais.
O Brasil é o segundo país das Américas, depois
do Canadá, a ter o maior número de geoparques internacionais. A China lidera o
ranking global da Unesco, com 41 geoparques, seguida pela Espanha, com 15.