/ Sheila Sacks /
Armas biológicas letais de alcance
global, os vírus, bactérias e toxinas manipulados em laboratórios preocupam as
grandes potências. O medo é que novos agentes mortais fabricados
artificialmente caiam em mãos de grupos terroristas. E mais de um ano após o início da
pandemia, crescem as suspeitas de que o vírus da Covid-19 foi criado em
laboratório.
Diante da desconfiança externada por
especialistas e também sentida na opinião pública americana, o presidente Joe
Biden deu prazo de 90 dias para que órgãos da Inteligência do país, como a
CIA, investiguem a origem do vírus:
se foi criado em um laboratório na China ou evoluiu naturalmente de um animal
hospedeiro para o ser humano.
A decisão inédita
da Casa Branca foi anunciada em 26 de maio último e visa dar uma resposta ao país, caracterizar as responsabilidades e atender os muitos apelos de renomados
cientistas para novas investigações. Dentre eles, a imunologista de universidade de Yale, Akiko
Iwasaki, que liderou a pesquisa sobre a resposta do sistema imunológico ao
Sars-CoV-2, causador da Covid-19.
Para o
pesquisador israelense Shaul Shay, do Instituto Internacional de
Contraterrorismo (ICT, na sigla em inglês) e ex-chefe adjunto do Conselho de
Segurança Nacional de Israel, a pandemia da Covid-19 serve como uma lição
objetiva dos riscos letais das armas biológicas e também como alerta para
possíveis ameaças de bioterrorismo.
Drones mortais
Por sua
vez, a especialista em contraterrorismo, Trace Walder, autora do livro “The
Unexpected Spy” ( A Imprevisível Espiã, em tradução livre), vai mais
adiante ao afirmar que a maior ameaça
que os EUA e Israel podem enfrentar são os enxames de drones armados com venenos
químicos lançados pelo Irã, Estado Islâmico e outros grupos terroristas.
Agente
da CIA e do FBI por muitos anos, seu verdadeiro nome é Tracy Schandler. De
origem judaica, ela foi recrutada em 1998, quando ainda era estudante
universitária. Coube a Tracy atuar nas principais investigações e captura de
terroristas a partir do ataque de 11/9/2001, quando os EUA intensificaram a
busca por terroristas.
Em seu
trabalho como oficial de contraterrorismo
frustrou uma sucessão de ataques químicos planejados em vários cantos do
mundo. Rastreou e interrogou terroristas,
reunindo informações que ajudaram órgãos de segurança de países aliados
a monitorar pessoas suspeitas de integrar grupos extremistas. Participou da
busca e captura de Osama bin Laden e de outros membros da Al-Qaeda.
Em
entrevista ao jornal The Jerusalem Post, Tracy Walder lembrou que grupos
terroristas, como o Estado Islâmico que atua na Síria, já se utilizam de armas
químicas em seus ataques a populações civis, obtidas em países como o Irã e a
Coreia do Norte. Ela revela que desde os primórdios dos anos 2000, o fundador
do Estado Islâmico e líder da Al Qaeda no Iraque, Abu Musab al Zarqawi (morto
em 2006), estava interessado em adquirir armas químicas e biológicas como
antraz e ricina. Ainda de acordo com Tracy Walder, a aplicação desses produtos,
na atualidade, é muito fácil de ser feita tendo acesso a um drone. Em
2018, relatório da ONU também alertava que a Coreia do Norte, desde 2012, envia suprimentos para o regime sírio de Bashar
al-Assad potencialmente usados na
produção de armas químicas.
Em
janeiro do ano passado, ao assumir a liderança do Estado Islâmico (ISIS, na
sigla em Inglês - Islamic State of Iraq and Syria), Abu Ibrahim al-Hashimi
al-Quraishi enviou uma mensagem gravada
a seus militantes convocando –os a usarem armas químicas contra Israel e os
judeus, onde eles estiverem.
Possível origem artificial
A polêmica em relação à origem da Covid-19
também esquentou no mês passado (maio/2021) com as declarações de dois
pesquisadores, um britânico e outro norueguês, que afirmam ter provas da origem
artificial do novo coronavírus e que ele foi criado no laboratório de Wuhan, na
China.
O professor Angus Dalgleish ,da St Georges Hospital Medical
School da Universidade de Londres, e
Birger Sorensen, virologista e presidente da farmacêutica Immunor, dizem
que cientistas chineses , tendo como base o coronavírus do morcego, acrescentaram
um novo espinho, tornando-o mais contagioso e mortal. Eles analisaram os
experimentos dos chineses no laboratório de Wuhan entre 2002 e 2019 e chegaram
a conclusão de que foram desenvolvidos mecanismos para a criação do Sars-Cov-2.
A prova de sua origem, segundo os estudiosos, estaria na sequência
de quatro aminoácidos encontrados no espinho do coronavírus, uma situação
“extremamente pouco provável”. Quando o vírus é de origem natural, afirmam,
três sequências de aminoácidos já é raro.
Na avaliação de Dalgleish
e Sorensen, os cientistas chineses tentaram criar um vírus mais
contagioso para que se reproduzisse mais rápido em células humanas e assim estudar
melhor o impacto potencial do coronavírus nos humanos.
Armas biológicas
Observa-se que a pandemia trouxe à tona um tema perturbador
que se revela como um aviso dramático para
os riscos das chamadas armas biológicas, que não distinguem religiões,
ideologias e fronteiras. O uso e a manipulação de agentes biológicos, como o
vírus da varíola e da febre amarela, as bactérias Bacillus anthracis (antraz), Brucellae, Yersinia
pestis (peste bubônica) e ricina, citando alguns, já se constituem
numa ameaça real por um longo tempo.
Antes
mesmo da 2ª Guerra Mundial, exércitos aliados e as forças alemãs e japonesas
realizaram pesquisas com o intuito de desenvolver armas biológicas. Acidentes
como o ocorrido na cidade russa de Sverdlovsk, em 1979, quando houve a
dispersão acidental de uma quantidade de Bacillus anthracis, na
forma inalatória, de um centro de pesquisas militar soviético, comprovam as
experiências com substâncias mortais. O acidente causou 68 mortes.
No
livro “Biohazard – A verdadeira história do maior programa secreto de armas
biológicas do mundo”, publicado no Reino Unido, em 1999, o russo Kanatjan
Alibekov, também conhecido como Kenneth Alibek, médico, microbiologista e
ex-diretor-adjunto do programa de armas biológicas da antiga União Soviética,
demonstra que o país estava preparado para lançar um ataque biológico com o
vírus da varíola sobre os Estados Unidos, no caso de uma guerra nuclear.
Em
2001, depois do ataque de 11/9, traços da bactéria antraz foram encontrados em
cartas endereçadas à Casa Branca em uma agência postal. Dois carteiros
morreram. À época, o presidente George W.Bush acusou a Al Qaeda pela
correspondência contaminada.
Mais
recentemente, em 2013, o serviço secreto americano interceptou cartas
contendo ricina enviadas ao então presidente Barak Obama e a políticos do país.
A ricina, extraída da mamona, é uma substância tóxica de alto risco para os
seres vivos, podendo ser letal.
Vale
dizer que agentes biológicos - diferentemente dos químicos que tendem a afetar
somente quem está na região do ataque – têm a capacidade de atravessar
fronteiras e se irradiarem por vastas regiões. Especialistas assinalam que a
produção de armas biológicas não necessita de grande aparato nem sofisticadas
instalações, podendo ser facilmente oculta, transportada e disseminada. Uma
facilidade que se estende à aquisição de insumos e ao acesso à biotecnologia,
ferramentas básicas para se construir uma arma biológica de destruição em
massa, por um custo bem mais baixo do que uma bomba atômica, por exemplo, com
resultados semelhantes.
Armas químicas
Em
1995, a seita apocalíptica japonesa Aum Shinri Kyo matou 12 pessoas e feriu
outras 50, em um atentado no metrô de Tóquio, usando o gás sarin. Na guerra
civil na Síria há evidências de que tem sido usado o gás sarin nas populações
pelo governo sírio. O Centro de Estudos para Não Proliferação James Martin
(CNS, na sigla em inglês), que pesquisa e combate a disseminação de armas de
destruição em massa (weapon of mass destruction – WMD) já denunciou a Síria
como detentora de um dos maiores arsenais de armas químicas do mundo. A
instituição americana afirma que o exército sírio possui diferentes tipos de
agentes químicos, além do sarin, como o gás mostarda, gás cloro e o agente
neurológico VX, um gás tóxico asfixiante.
No caso
de grupos terroristas, tais como Estado Islâmico, com base no Iraque e atuando
na província do Sinai, Al Qaeda (Iêmen e Somália), Hezbollah (Líbano e Síria) e
o Hamas (Faixa de Gaza), a posse de armas químicas ou biológicas é sempre um
motivo de preocupação, notadamente para o governo israelense.
Nas mãos do
Hezbollah
A posse
de armas químicas pelo Hezbollah foi aventada, ainda em 2018, pelo ex-general
sírio Zuhair al-Saqit em entrevista ao jornal israelense Maariv. O militar foi
o responsável pelo desenvolvimento científico de armas químicas no país, mas em
2013 abandonou o exército e a Síria. Ele disse que o regime de Assad transferiu
para o Hezbollah (que atua ao lado das forças sírias na guerra civil que já
causou a morte de quase meio milhão de pessoas) grande parte dos estoques
dessas substâncias letais com o intuito de burlar órgãos internacionais de inspeção.
Uma dessas armas é o gás cloro, um agente asfixiante cujo histórico se reporta
à 1ª Guerra Mundial e que foi usado pelo governo de Assad contra civis nas
cidades de Saraqeb, Duoma e Latamneh, segundo relatório de 2018 da Organização
para a Proibição de Armas Químicas (OPCW, na sigla em inglês).
Na
entrevista em questão, o ex-general também conta que cientistas, técnicos e
militares iranianos estavam desenvolvendo, no território sírio, mísseis com
ogivas químicas de alcance entre 5 e 35 quilômetros. E confirmou a cooperação
síria com a Coreia do Norte, afirmando que na qualidade de oficial graduado do
exército acompanhou oficiais norte-coreanos nas visitas às várias unidades para
consultoria sobre o uso de armas químicas.
Em
relação ao Irã, relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea),
divulgado em março de 2020 denuncia que aquele país triplicou a quantidade de
urânio enriquecido – um elemento químico radioativo - em três meses,
atingindo 1,1 tonelada em estoque (é preciso 1,6 tonelada de urânio de baixo
enriquecimento para chegar à capacidade de produzir uma arma nuclear).
Justamente no período em que o foco das autoridades e dos chefes das nações haviam
se voltado para o enfrentamento de uma pandemia desconhecida.
Perigo à vista
Em 2017,
na Conferência de Segurança de Munique, evento que se realiza anualmente nesta
cidade alemã com a participação de líderes mundiais, o magnata e filantropo
Bill Gates, fundador da Microsoft, surpreendeu a plateia ao afirmar que “a
próxima epidemia poderá se originar na tela do computador de um terrorista que
pretenda usar a engenharia genética para criar uma versão sintética do vírus da
varíola ou uma cepa supercontagiosa e mortal da gripe”. Uma previsão
assustadora para o futuro da humanidade, que já convive com a insegurança das
mudanças climáticas e catástrofes naturais. Agora acrescida pelo sobressalto de
possíveis surtos pandêmicos oriundos de experiências científicas nem sempre
controláveis.
No caso
da Covid-19, o supervírus surgiu na província chinesa de Wuhan que abriga
laboratórios de alta tecnologia como o Instituto de Virologia Wuhan (WIV),
fundado em 1956, que faz pesquisas nas áreas de microbiologia, biotecnologia e
virologia. A instituição trabalha no isolamento de vírus de insetos e na
produção de inseticidas virais. Segundo o site do laboratório, um de seus
principais campos de pesquisa é o estudo patogênico de doenças infecciosas
emergentes, com destaques para o coronavírus da síndrome Respiratória Aguda
Grave (Sars-Covid) e o vírus da influenza aviária.
O vírus
foi identificado em novembro de 2019 e no mês seguinte houve a primeira
manifestação da doença na província. Antes de ser demitido, em janeiro de 2020,
o prefeito de Whuan admitiu que mais de
5 milhões de pessoas puderam deixar a cidade antes que as restrições de viagem
fossem decretadas.Porém, o mais grave é que as autoridades chinesas ocultaram
as notícias e os detalhes do surto de vírus por dois meses, favorecendo à
transmissão global da doença.
É
importante lembrar que o médico chinês Li Wenliang, de 34 anos, morreu em
consequência do vírus, no início de fevereiro do ano passado, dois meses depois
de alertar as autoridades de Wuhan sobre
o surgimento da pneumonia viral. Na ocasião (dezembro/20219) , ele foi
convocado pela polícia local que o acusou de propagar boatos e assustar a
população. Duas semanas depois de ser decretada a quarenta em Whan, ainda em
fevereiro, a epidemia já tinha infectado mais de 31 mil pessoas, com 636
mortes.
A
respeito, o rabino Abraham Cooper, diretor de ação social global do Centro
Simon Wiesenthal, afasta qualquer relação da pandemia com algum tipo de
provação ou de manifestação do Divino, como alguns místicos evocaram no início
do surto. Para ele, ninguém pode culpar
D’us, quando o assunto é a Covid-19.
“São
pessoas que nos trouxeram para esse desastre do coronavírus”, diz. “E não
precisamos procurar os céus para encontrar a verdade neste caso”, prossegue. No
artigo para The Media Line, mídia digital voltada para assuntos sobre o Oriente
Médio, o rabino novaiorquino, de 71 anos, que assina a matéria juntamente com o
reverendo Johnnie Moore, é enfático ao proclamar, já no título: “Não culpe
D’us, culpem Pequim e Teerã.”
Cooper
e Moore – um líder evangélico de 38 anos, dos mais influentes do país, comissário
da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos Estados
Unidos (USCIRF, na sigla em inglês) - acusam o governo chinês de se
armar de suprimentos médicos, importando milhões de máscaras cirúrgicas e
respiradores, grande parte da reserva mundial, antes de o mundo ter consciência
da extensão da doença. Igualmente denunciam o Irã, que permitiu que os
peregrinos continuassem a viajar para a cidade sagrada de Qom, quando o vírus
já estava sendo disseminado, contaminando outras nações do Golfo Pérsico.
Os dois
líderes religiosos conclamam para que a China admita e assuma a sua
responsabilidade nas fases que antecederam a pandemia, e culpam o Irã pela
saída da ONG Médicos Sem Fronteiras do país e de perseguir e matar membros da
seita Bah’ai por sua ligação espiritual com Israel. Ambos, Cooper e Moore,
trabalham na promoção do diálogo inter-religioso em todo mundo, principalmente
nos países do Oriente e da Ásia.
De
acordo com a BBC News, até 30 de março do ano passado, quando o vírus já era
uma calamidade que se alastrava pelo mundo, a companhia aérea iraniana Mahan
Air manteve seus aviões operando normalmente em suas rotas para cidades da
China, e realizando viagens e voos adicionais para Beirute,
Damasco, Bagdá, Abu Dhabi (Emirados Árabes), Sanaa (Iêmen)
e Najaf e Karbala (Iraque).
A rede
britânica de notícias apurou que a companhia aérea mentiu quando alegou que
seus voos eram humanitários. Foram centenas de voos no período, possivelmente
transportando passageiros com coronavírus, inclusive pousando em Barcelona,
Istambul, Dubai e Kuala Lampur (Malásia).
A Mahan
Air teve seus voos proibidos na Alemanha e França em 2019. Desde 2011 a
companhia não opera nos Estados Unidos ( em contrapartida, iniciou voos diretos
de Teerã a Caracas, na Venezuela, desde 2019 ) devido a sua ligação com a
Guarda Revolucionária do Irã (IRGC, na sigla em inglês), uma unidade do
exército iraniano que dá suporte financeiro, técnico e logístico ao Hezbollah,
no Líbano, e a outros grupos islâmicos terroristas, a saber: o Hamas, a milícia
Jihad Islâmica que atua na faixa de Gaza e na Cisjordânia, os rebeldes houthis,
no Iêmen, e as milícias xiitas no Iraque, Síria e Afeganistão. Com mais de 150
mil funcionários ativos, essas ações no exterior são operacionalizadas pela
temida Força Quds, uma unidade especial da IRGC.
Disseminação e silêncio
Frente
à flagrante desconsideração com a vida humana e a propagação de desinformação e
ocultação de dados por parte de Pequim e Teerã, o rabino Cooper e o reverendo
Moore reforçam a opinião de que esses dois regimes ditatoriais ajudaram a
transformar a Covid-19 em uma tragédia global. Eles também criticam
a postura de silêncio do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), o
etíope Tedros Adhanom - que esperou até 11 de março para caracterizar a
Covid-19 como pandemia - e do secretário-geral das Nações Unidas
(ONU), o português Antônio Guterres, que pediu às nações que suspendessem as
sanções ao Irã por motivos humanitários.
Parece inevitável, então, que o mundo terá que conviver com a letalidade do novo coronavírus
por um longo período. De acordo com o epidemiologista Michael Osterholm, autor
do livro “Inimigo Mortífero: Nossa Guerra contra Germes Assassinos“ (em
tradução livre), publicado em 2017, a Covid-19 é tão infecciosa quanto a gripe
de 1918 (conhecida como gripe espanhola) que matou 50 milhões de pessoas e
infectou cerca de 500 milhões, um terço da população mundial na época. Aquela
pandemia foi causada pelo vírus H1N1, com genes de origem aviária.
Na sua avaliação, veiculada em fevereiro deste ano pelo canal de notícias CNN, a pandemia “está prestes a piorar de forma sem precedentes ", com o aumento de casos associados a variantes
das cepas. Uma situação que ele compara a um “ furação de categoria 5 ou
superior”. O cientista lista quatro componentes que podem levar a esse
desastre: mutações virais; atrasos na vacinação; relaxamento na prevenção; e
possibilidade de reinfecção. Osterholm é membro do Conselho Consultivo da
Covid-19 do presidente Biden
Ainda
no início da pandemia, o especialista previu que o vírus iria se mostrar ativo
em todo o mundo, indo e vindo, em ondas. “Devemos lembrar que a atual pandemia é
causada por um coronavírus e não um vírus da gripe como foi o caso em 1918. A
história dirá se os dois agem da mesma maneira em termos de epidemiologia das
doenças”, explica.
Fundador
do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas da Universidade de
Minnesota, Osterholm insiste no continuado uso de máscaras (bem vedada), o distanciamento social e a limitação de
espaços que favoreçam aglomerações para evitar possíveis reinfecções não bem
documentadas. Segundo ele, ainda que apareçam remédios eficazes, a transmissão
do vírus continuaria, já que os medicamentos apenas diminuiriam o impacto da
pandemia em número de casos graves e mortes.
Mesmo
que se lavem as mãos com sabão várias vezes ao dia e que o ambiente esteja
descontaminado, tal fato não impede que o vírus possa infectar as pessoas,
garante Osterholm. Isso porque o vírus pode estar no ar que compartilhamos e respiramos
com pessoas infectadas, daí a importância do uso de máscaras. Quanto mais vezes
a pessoa ir para espaços públicos, onde haja aglomeração, maior a possibilidade
de trocar um pouco de ar com alguém que tem o vírus e não sabe.
Nova vacinação
Os governos
dos Estados Unidos, União Europeia e
Reino Unidos já se preparam para aplicar
milhões de vacinas de reforço em suas populações ainda este ano, no início do
próximo inverno (dezembro a março, no hemisfério norte). O Reino Unido já
comprou 60 milhões de doses de vacinas e deve antecipar a vacinação a partir do
outono (setembro a dezembro). Os EUA têm um excedente de 300 milhões de vacinas
em estoque e a União Europeia assinou contrato para receber 1,8 bilhão de
vacinas até 2023.
Registrando
que pouca mais de três meses após a detecção do vírus, já havia mais de 4
milhões de pessoas infectadas e perto de 300 mil mortes. No presente mês
(junho/2021), as mortes já chegam perto de 4 milhões, com mais de 175 milhões de
infectados, mesmo com a introdução de várias vacinas para combater a pandemia.
Na Indonésia, 350 médicos e profissionais da Saúde contraíram a Covid-19 depois de vacinados, e dezenas foram hospitalizados. A notícia foi divulgada pela Agência Reuters há poucos dias.
Logo, a
perspectiva de uma mudança substantiva em curto período no cenário de
incertezas e dificuldades que se descortina para as nações e populações do
planeta, se configura mais como peça publicitária do que uma expectativa real. Osterholm, inclusive, lança mão de uma frase
de Wilson Churchill, primeiro-ministro britânico durante a 2ª Guerra
Mundial, para definir a atualidade: “Este
não é o fim, nem sequer o começo do fim, mas, talvez, o fim do começo”.
A frase
do estadista inglês foi dita em discurso proferido no centenário prédio da
Mansion House, de Londres, em 1942, logo após os britânicos expulsarem as
tropas alemãs do general Rommel do Norte da África. Para muitos era a
certeza da vitória. Mas, por certo, passaram-se mais de três anos até que a Alemanha
nazista, enfim, se rendesse, em 08 de maio de 1945, encerrando uma trágica era
de horror e mortes que marcou, de forma definitiva, a história contemporânea.