Por Sheila Sacks
Com o gradual cerceamento na web de
conteúdo gratuito e irrestrito de textos produzidos pela grande imprensa
brasileira, que tem investido no nicho de assinaturas digitais, está cada vez
mais difícil o internauta ter acesso às determinadas notícias, artigos ou
colunas de seu interesse, caso não seja assinante do jornal impresso ou pague
pelo serviço. Uma tendência que segue em sentido
oposto ao que se vislumbra nos Estados Unidos, segundo o registro do jornalista
Carlos Castilho, no Observatório da
Imprensa (“Seis Razões para abandonar o acesso pago”, em 26.07.2016). Lá, 70% dos
jornais com tiragens maiores de cinco mil exemplares já abandonaram a cobrança
de acesso às notícias online.
Por
isso foi uma surpresa positiva descobrir um espaço onde os melhores conteúdos
de uma grande gama de jornais de todo o país estão à disposição do internauta de
uma forma simples e muito bem cuidada, proporcionando ao cidadão visitante,
além de uma ampla e diversificada visão sobre a atualidade política e social do
Brasil, um enfoque dirigido aos atuais dilemas econômicos que impactam a nossa
sociedade.
O Clipping diário da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil
(ANFIP) é um serviço público dos
mais relevantes à medida que disponibiliza um conjunto de notícias e de
opiniões publicadas em veículos de comunicação situados em pontos diferentes do
país, de tendências díspares e visões múltiplas. Informações que de outra forma
dificilmente chegariam graciosamente aos dispositivos móveis dos cidadãos
urbanos do eixo Rio-São Paulo, às telas eletrônicas dos conectados das capitais
afastadas dos centros políticos decisórios ou dos leitores antenados das
cidades interioranas brasileiras de pequeno e médio porte. Mesmo que os
leitores se dispusessem a empreender uma garimpagem mais demorada no Google, não seriam brindados
com essa pauta brilhante de abordagens.
De
maneira rápida e eficiente é possível se surpreender com o conteúdo dessa
seleção nota 10, que oferece inclusive um calendário digital que permite ao internauta
a consulta ou releitura de textos de datas anteriores.
O endereço eletrônico é http://cliente.linearclipping.com.br/anfip/site/m012/
O endereço eletrônico é http://cliente.linearclipping.com.br/anfip/site/m012/
Sem retoques
Assim,
na primeira semana de agosto, fica-se sabendo que a economia brasileira segue
encolhendo e que a redução de nosso BIP per capita poderá chegar a 10% em dois
anos. Lembrando que na chamada década perdida, de 1981 a 1992, a renda encolheu
7,6%, ou seja, toda a política de distribuição de renda e inclusão social está
sendo anulada pela recessão (“O fundo do poço”, por Luiz Carlos Azedo, no Correio
Braziliense).
E
mais: Entre dezembro de 2014 e maio de 2016, o número de assinantes da TV paga
caiu de 19,5 milhões para 18,9 milhões, segundo dados da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel). Foram 669 mil cancelamentos, sendo que nos primeiros
cinco meses deste ano já somam 208 mil rescisões, uma média de 40 mil por mês,
reflexo da crise econômica (“Tem menos gente ligada na TV por assinatura”, por
Thatiana Pimentel, no Diário de Pernambuco). Outro dado revelador:
Enquanto os trabalhadores da iniciativa privada com medo do desemprego recorrem
menos aos consignados (empréstimos descontados diretamente no contracheque), os
funcionários públicos se endividam mais. De acordo com dados do Banco Central, em
junho a categoria devia 171,3 bilhões em empréstimos consignados, cifra 4,9%
superior ao mesmo período de 2015.
Paralelamente
a essa contração de renda da população, a Receita Federal estima que em torno
de R$ 520 bilhões são sonegados anualmente no Brasil, principalmente pelos mais
ricos. Esse valor cobriria três vezes o rombo aprovado nas contas do Governo
Federal em 2016. Outras fontes de recursos, como o aumento de alíquota de IOF
para altos volumes de transações financeiras e o tributo sobre grandes
fortunas, continuam sendo adiadas pelas autoridades da gestão econômica. Assim
abandonam-se os princípios da razão do estado e mantém-se a narrativa da crise
(“Razão de estado e desigualdade social no Brasil”, por Cláudio Guedes
Fernandes, no Correio Braziliense).
Globalização desigual
Em
nível mundial, a situação econômica também não é das melhores e para o
americano Joseph E. Stiglitz, prêmio Nobel de Economia em 2001, a era da
globalização gerou uma desigualdade global em termos de renda. Entre 1998 e
2008, por exemplo, os grandes ganhadores foram os que representam o 1% da
plutocracia mundial e a classe média nas novas economias emergentes. Em artigo
publicado no jornal O Globo (“O
novo mal-estar da globalização”), o economista observa que nos dias atuais,
grandes segmentos da população nos países avançados não estão em melhores
condições, ou seja, não prosperaram. Nos EUA, os 90% mais pobres enfrentam uma
estagnação de renda há 25 anos. A renda média dos trabalhadores homens em
horário integral é atualmente menor em termos reais (considerada a inflação) do
que era há 42 anos. Na base da pirâmide, os salários reais são comparáveis aos
níveis de 60 anos atrás.
A
Unctad – órgão das Nações Unidas dedicado ao comércio e desenvolvimento – chama
a atenção para o fato de que entre 1990 e 2015, a quantidade de pessoas vivendo
na extrema pobreza no mundo foi ampliada em mais de 50%. No artigo “Chegou a
conta da globalização” (Valor Econômico),
a jornalista Maria Clara R.M. do Prado destaca que nem todos se beneficiaram da
globalização e que o progresso tem sido desigual, contribuindo para o
desencantamento. E chama a atenção para o fato de os governos estarem sendo
atropelados pelos grupos descontentes que têm fazendo valer a sua voz contra a
globalização e as desigualdades que persistem. No plebiscito do Brexit, na
Inglaterra, e na candidatura de Donald Trump.
No
Brasil, o espetáculo globalizado das Olimpíadas mereceu um comentário do
jornalista Elio Gaspari, colunista de O
Globo e da Folha
de São Paulo, que jogou um balde água fria na empolgação da
galera nacional que vibra e torce nas arenas olímpicas, estimulada pelo maciço
marketing da mídia e de seus patrocinadores. Segundo ele, nada reduzirá a
beleza dos sorrisos dos atletas nas cenas da festa da abertura e os momentos de
sonho e felicidade de centenas de jovens que subirão ao pódio para receberem
suas medalhas de ouro. Mas, para os brasileiros, além do sonho virá a conta.
Algo em torno de R$ 500 milhões, alerta (“A conta dos sonhos ficará no
Brasil”).