Quem é o anjo que me ampara,
em que tempo e galáxia mantém-se como pilar,
coluna do mundo.
Sobre os seus ombros recaem os pecados
incontáveis,
das gerações insensatas
... Tempestades de fogo!
Sobre a sua face escorrem tormentas,
indagações,
a agonia dos seres fugazes
... Tempestades de sal!
Deixe-me romper os mares
e cingir-me aos seus pesares,
e cingir-me aos seus pesares,
estar ao seu lado em meio aos trovões
e trovoadas.
Ah! Meu justo, meu anjo audaz,
dê-me um dízimo, que seja,
do fardo a mim reservado.
Tu guardas calado o som da tempestade,
vela sentinela a cabeceira do vulcão.
Mas são seus o desespero e a dor
dos que se debatem nas águas escuras
das causas perdidas,
insensatas.
Seus também o braço e o regaço
dos que se lançam oceano afora,
à conquista dos mistérios e tesouros
do imponderável.
Velas ao vento,
veleiros ao sabor da tempestade,
o navegante das almas navega
o lado oculto dos mares.
Ah! Meu anjo, meu justo,
faça-me tocar o véu da madrugada,
irromper de patins, algodão doce nas mãos,
a avenida estrelada de sua pousada.
Vou cobrir a minha cabeça
e repetir em cadência
a mais antiga das preces.
No templo ensolarado
o que tem mais valor senão meus salmos,
cânticos e rezas,
ditos imemoriais.
Vou me chegar qual criança acanhada
cheia de dedos e medos,
os quais ao primeiro afago,
se desfazem.
Junto ao meu justo será como voltar à infância,
à casa dos pais:
aninhado, acarinhado,
bem-aventurado,
estarei enfim são e salvo
... Aleluia!
dos dragões das tempestades.