por Sheila Sacks
Banhada pelos oceanos Atlântico e Pacífico e dispondo de florestas exuberantes, montanhas, lagos, cachoeiras e praias ao longo do mar do Caribe, a república do Panamá, na América Central, não se reduz apenas a um belíssimo roteiro turístico de paisagens tropicais. Ponte de terra que une as duas Américas e com 25% do seu território protegido por parques nacionais (viveiro de milhares de espécies de aves e abrigo de uma estupenda fauna animal onde se destacam mais de 300 tipos de répteis e anfíbios), o país também apresenta características inéditas: não possui exército (extinto em 1989); teve dois presidentes judeus, fato único na diáspora, Max Shalom Delvalle (1964-68) e seu sobrinho Eric Delvalle Maduro (1987-88); e concentra uma comunidade judaica que apresenta índice zero de assimilação e o maior crescimento populacional, em termos percentuais, fora do estado de Israel.
Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, a zona antiga da cidade do Panamá recebeu os primeiros judeus vindos da Síria (Alepo), Marrocos, Turquia e Grécia ainda nos meados do século 19. Essa pequena comunidade, que em 1876 cria a sua primeira instituição, a Kol Shearit Israel, e que até há poucos anos não passava de 2 mil pessoas, a partir do final de 1999, data em que o Panamá assume o controle do canal (inaugurado em 1913 e gerido pelos Estados Unidos por mais de 85 anos ), começa a crescer, chegando hoje perto de 10 mil membros, sendo 7 mil sefaraditas e mais de mil oriundos do estado de Israel. Porém, a imigração não parou com os sabras, também judeus vindos da Argentina, Uruguai, Venezuela e Colômbia se instalaram no Panamá.
Na opinião do rabino Eliahu Birnbaum, da organização Shavei Israel (que acolhe os descendentes de anussim – judeus convertidos à força pela Inquisição), se não existe assimilação e casamentos mistos na comunidade judaica panamenha, esse contexto se deve basicamente ao trabalho incansável do rabino ortodoxo Sion Levy, falecido em novembro de 2008. Nascido em Jerusalém, o religioso desempenhou suas funções de líder espiritual da comunidade sefaradita do Panamá durante 55 anos e, segundo alguns, com um certo rigor. Em sua grande maioria residindo na capital e seguindo os preceitos do Kashrut, as famílias judaicas desfrutam de um conjunto de instituições, como sinagogas, escolas judaicas, yeshivá, associações, clubes, supermercados e restaurantes kasher etc, instalados em prédios amplos, modernos e confortáveis. Em sua visita ao Panamá, o rabino Birnbaum se mostrou entusiasmo com o que viu: “Esse é o exemplo de uma comunidade que conta com toda uma infraestrutura judaica, religiosa e educativa, para preservar a existência judaica.” E reportando-se ao seu último encontro com o rabino Sion Levy, lembrou as palavras que ele disse após mais de meio século de uma vida dedicada à preservação de valores judaicos em terras da América Central: “No Panamá tem tudo o que tem na Terra de Israel, à exceção do Muro das Lamentações.”
Equação complicada
Mas, saindo do Panamá, a situação é bem diferente. Em 2008, a população judaica cresceu 0,05%, embora na diáspora tenha encolhido em 15 mil pessoas. É o que registra a Agência Judaica que também revela que cerca de 11 milhões de norte-americanos que têm pelo menos um avô ou avó de origem judaica já perderam seus vínculos com o judaísmo e não se consideram judeus. Nas últimas três gerações, 55% das uniões de judeus norte-americanos são com pessoas de outras religiões. Já nas antigas repúblicas soviéticas, a assimilação chega a 85%.
Atualmente são 13,3 milhões de judeus no mundo, a mesma população do início do século passado (1914), constata o demógrafo Sergio Della Pergola, da Universidade de Jerusalém. Segundo o especialista, desde o final da 2ª Guerra Mundial, em 1945, a população judaica só cresceu 15% frente a um aumento de 240% da população em geral. Israel, com 5,5 milhões e EUA com 5,3 milhões, são as maiores comunidades judaicas.
Para o presidente da Agência Judaica, Zeev Bielski, o baixo índice de natalidade e a assimilação são ameaças concretas para o judaísmo mundial que enfrenta no presente o desafio de inverter uma equação complicada, mas cada vez mais visível nos grandes centros: a perda da identidade judaica à medida que os judeus se integram de forma positiva nas sociedades em que vivem.
Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, a zona antiga da cidade do Panamá recebeu os primeiros judeus vindos da Síria (Alepo), Marrocos, Turquia e Grécia ainda nos meados do século 19. Essa pequena comunidade, que em 1876 cria a sua primeira instituição, a Kol Shearit Israel, e que até há poucos anos não passava de 2 mil pessoas, a partir do final de 1999, data em que o Panamá assume o controle do canal (inaugurado em 1913 e gerido pelos Estados Unidos por mais de 85 anos ), começa a crescer, chegando hoje perto de 10 mil membros, sendo 7 mil sefaraditas e mais de mil oriundos do estado de Israel. Porém, a imigração não parou com os sabras, também judeus vindos da Argentina, Uruguai, Venezuela e Colômbia se instalaram no Panamá.
Na opinião do rabino Eliahu Birnbaum, da organização Shavei Israel (que acolhe os descendentes de anussim – judeus convertidos à força pela Inquisição), se não existe assimilação e casamentos mistos na comunidade judaica panamenha, esse contexto se deve basicamente ao trabalho incansável do rabino ortodoxo Sion Levy, falecido em novembro de 2008. Nascido em Jerusalém, o religioso desempenhou suas funções de líder espiritual da comunidade sefaradita do Panamá durante 55 anos e, segundo alguns, com um certo rigor. Em sua grande maioria residindo na capital e seguindo os preceitos do Kashrut, as famílias judaicas desfrutam de um conjunto de instituições, como sinagogas, escolas judaicas, yeshivá, associações, clubes, supermercados e restaurantes kasher etc, instalados em prédios amplos, modernos e confortáveis. Em sua visita ao Panamá, o rabino Birnbaum se mostrou entusiasmo com o que viu: “Esse é o exemplo de uma comunidade que conta com toda uma infraestrutura judaica, religiosa e educativa, para preservar a existência judaica.” E reportando-se ao seu último encontro com o rabino Sion Levy, lembrou as palavras que ele disse após mais de meio século de uma vida dedicada à preservação de valores judaicos em terras da América Central: “No Panamá tem tudo o que tem na Terra de Israel, à exceção do Muro das Lamentações.”
Equação complicada
Mas, saindo do Panamá, a situação é bem diferente. Em 2008, a população judaica cresceu 0,05%, embora na diáspora tenha encolhido em 15 mil pessoas. É o que registra a Agência Judaica que também revela que cerca de 11 milhões de norte-americanos que têm pelo menos um avô ou avó de origem judaica já perderam seus vínculos com o judaísmo e não se consideram judeus. Nas últimas três gerações, 55% das uniões de judeus norte-americanos são com pessoas de outras religiões. Já nas antigas repúblicas soviéticas, a assimilação chega a 85%.
Atualmente são 13,3 milhões de judeus no mundo, a mesma população do início do século passado (1914), constata o demógrafo Sergio Della Pergola, da Universidade de Jerusalém. Segundo o especialista, desde o final da 2ª Guerra Mundial, em 1945, a população judaica só cresceu 15% frente a um aumento de 240% da população em geral. Israel, com 5,5 milhões e EUA com 5,3 milhões, são as maiores comunidades judaicas.
Para o presidente da Agência Judaica, Zeev Bielski, o baixo índice de natalidade e a assimilação são ameaças concretas para o judaísmo mundial que enfrenta no presente o desafio de inverter uma equação complicada, mas cada vez mais visível nos grandes centros: a perda da identidade judaica à medida que os judeus se integram de forma positiva nas sociedades em que vivem.