Sheila Sacks /
Se não bastassem os conflitos com grupos terroristas e os embates
com movimentos antissemitas como o BDS, Israel também precisa enfrentar
distúrbios promovidos pelos beduínos no Neguev, no sul do país.
Em abril, um vídeo mostrou beduínos portando fuzis M-16, de fabricação americana, atirando para
o alto de seus carros, na estrada que atravessa o deserto de Neguev, em
comemoração a um casamento. A polícia israelense deteve os participantes para
interrogatório por porte de armas ilegais e baderna.
Em
dois outros incidentes, forças israelenses
realizaram uma operação policial na cidade beduína de Bir Hadag e apreenderam
rifles e dois jipes roubados do Exército. Também prenderam dois beduínos acusados
de vender armas roubadas de bases militares para um traficante de armas
palestino na Cisjordânia.
Radicalização
Existem 210 mil beduínos árabes-israelenses
vivendo no Neguev. Sua principal cidade é Rahat, com 70 mil habitantes. Entre
1968 e 1989, Israel construiu sete cidades voltadas para os beduínos, porém
mais da metade deles vivem em dezenas de aldeias, sem infraestrutura,
consideradas ilegais pelo governo israelense.
Embora representem pouco mais de 2% da
população de Israel, os beduínos ocupam 10% das terras do país, lembrando que o
deserto do Neguev corresponde a 60% do território israelense. Historicamente
sem ideologias e geralmente hospitaleiros, nos últimos anos a ala jovem dos
beduínos tem se radicalizado com a infiltração do Movimento Islâmico e com a
cooptação de ONGs e de ativistas no incitamento por disputa de terras.
Para o pesquisador da cultura árabe da
Universidade Bar-Ilan, Mordechai Kedar, a mentalidade beduína é totalmente
diferente do modo de pensar do homem moderno e geralmente eles rejeitam
qualquer tipo de imposição do Estado. Um exemplo é o que vem ocorrendo na
aldeia Umm al-Hiran, considerada pela Suprema Corte de Israel instalada em área
ilegal. Há mais de um ano o governo tem feito negociações para a relocação de
seus habitantes que insistem em não acatar a decisão judicial.
A marcha do ódio
No segundo domingo de junho, as ruas centrais de Londres
foram tomadas por centenas de muçulmanos que em passeata empunharam as
bandeiras do Hezbollah, a milícia terrorista xiita do Líbano financiada pelo
Irã, na manifestação anual do que eles
chamam de “Quds Day” – Dia de Jerusalém ( Quds é o nome árabe de Jerusalém).
A data, celebrada todos
os anos na última sexta-feira do Ramadã, foi inventada pelo aiatolá Khomeini do
Irã, em 1979, para incitar o ódio a Israel. Além dos países árabes, capitais
europeias como Londres e Berlim, e cidades como Toronto, no Canadá, e Nova
York, entre outras, abrigam essas marchas desde 2012. Manifestantes enrolados
em bandeiras do Hezbollah pedem a “libertação” de Jerusalém, uma terceira
intifada (revolta armada) e a destruição do estado de Israel.
Incitação à violência
É um festival de slogans antissemitas, gritos, xingamentos, gestos
grosseiros, incitamento à violência e apoio a grupos terroristas, afirmam as
federações judaicas do Reino Unido. Nos discursos são cometidos flagrantes
delitos de incitação ao ódio racial e religioso.
Este ano a passeata na capital britânica foi alvo de protesto
de manifestantes pró-Israel que levaram bandeiras de Israel para os arredores
da marcha. “O Quds Day tem origem no
antissemitismo e, ao longo dos anos, o desfile em Londres tem se tornado cada
vez mais agressivo, proclamando o seu apoio a organizações terroristas como o
Hezbollah e o Hamas”, disseram.
Uma petição com mais de 8 mil assinaturas pedindo a proibição
de bandeiras do Hezbollah foi ignorada pela prefeitura londrina, que permitiu a
livre exibição do símbolo da organização terrorista na manifestação. “É
inaceitável que bandeiras do Hezbollah sejam expostas no Reino Unido neste tipo
de derramamento anual de ódio”, reagiu publicamente o “Community Security
Trust” (CTS), uma instituição que cuida
da segurança e proteção da comunidade judaica local.
Em Berlim, a passeata ocorreu no sábado e uma bandeira do
Hezbollah foi confiscada pela polícia.