Parece
estar havendo um descompasso entre as pautas da mídia e os interesses da
sociedade. Recente pesquisa do Pew Research Center – o banco de dados com sede
em Washington que monitora as percepções e as tendências nos Estados Unidos e
no mundo – revela que a crise migratória na Europa e o conflito palestino-israelense
não estão no topo das preocupações globais. Pelo menos até recentemente. Uma
surpresa para os analistas que acompanham a recorrência e a espetaculização
desses temas na mídia diária.
Divulgada
há dois meses, em 14 de julho de 2015, a consulta foi conduzida em 40 países e
envolveu 45.435 pessoas. Para 46% dos entrevistados, as mudanças climáticas e
as catástrofes decorrentes, como inundações, secas etc, representam a maior ameaça
ao planeta e essa percentagem cresce para 61% nos países da América Latina (no
Brasil e no Peru esse índice chega a 75%).
Segundo a
pesquisa, também são causas de grande apreensão pública, revelando-se desafios
internacionais, problemas tais como a instabilidade econômica global (42%), o
grupo Estado Islâmico-EI (41%), o programa nuclear iraniano (31%), os ataques
cibernéticos a bancos e corporações (30%), a tensão entre a Rússia e seus vizinhos
(24%) e as disputas territoriais entre a China e seus vizinhos (18%). O temor
em relação ao EI é mais alto na Europa (70%) e nos Estados Unidos (68%).
No Brasil,
é interessante observar, o programa nuclear do Irã e o terrorismo do Estado
Islâmico preocupam 49% e 46% dos entrevistados, respectivamente, percentuais
mais elevados do que os contatados no continente europeu e nos países da América
Latina, que apresentam médias de 42% e 33%. Já o fator da instabilidade
econômica é motivo de inquietação para 60% dos brasileiros.