
A melhor testemunha é o documento escrito
(Carl Sandburg, historiador e poeta americano)
Luis Torres, membro da expedição de Colombo, assim escreveu
no diário de bordo acerca do histórico dia: “Sexta-feira, duas horas depois do
meio-dia, Hoshana Rabá ( sétimo dia de Sucot), no calendário judaico,
vigésimo primeiro dia do mês de Tishrei, no ano de 5235 depois da Criação.”
Torres era um judeu recém converso ( provavelmente de nome Yosef ben Halevi
Halvri) e profundo conhecedor do hebraico, aramaico e árabe. Ele assim relata a
madrugada da descoberta: “ Eu escutava toda a noite Rodrigo de Triana recitar
os Tehilim (Salmos de David)... Nós ficamos acordados toda a noite e com
a primeira luz trêmula da manhã, um de nós avistou a terra. Rodrigo
correu para avisar Colombo.” Para a maioria dos pesquisadores foi
Rodrigo de Triana quem gritou “Tierra!Tierra!” ao perceber uma silhueta
diferente no horizonte. No calendário cristão era sexta-feira, 12 de outubro.
Coube a Luis Torres ser o primeiro europeu a pisar o novo
mundo. Ele foi um dos 39 tripulantes que não voltaram à Espanha com Colombo,
permanecendo no assentamento de Natividade, na Ilha de Santo Domingo (São
Domingos) onde hoje estão a República Dominicana e o Haiti. Torres deixou as
Antilhas em fevereiro de 1494, retornando à Espanha com doze navios de uma
frota de dezessete que Colombo trouxera em sua segunda viagem ao novo
continente, em dezembro de 1493. Meses depois, em abril de 1494, Colombo teria
deixado São Domingos com três caravelas, uma delas a Niña, em direção a Cuba e
Jamaica.

Judeus financiaram
Colombo
Essas informações estão no livro “Columbus then and Now – A
Life Reexamined” ( ‘Colombo então e agora – Uma vida revista’, em tradução
livre, publicado em 1997 ), de Miles H. Davidson, pesquisador independente que
viveu na República Dominicana e estabeleceu um vasto acervo sobre o descobrimento.
Ele contesta várias versões disseminadas sobre a viagem de Colombo, inclusive
sobre a morte de Luis Torres que teria ocorrida em 1493, em Natividade.
Davidson se utiliza de manuscritos dos séculos 16 e 17, de diários, cartas e
registros navais da época para analisar cronologicamente os fatos que marcaram
a vida do navegador e o papel desempenhado pelos judeus na primeira viagem de
Colombo à América.

Para Ettinger, a Festa dos Tabernáculos ou das Cabanas “comemora a transição do povo judeu de
escravo, no Egito, para a soberania na terra de Israel, da vida nômade no deserto
onde viveu em cabanas por 40 anos, à
permanência na terra prometida”. Engloba igualmente o sentido universal da
libertação, uma aspiração comum a toda humanidade. Assim, ele enxerga uma
“aliança” espiritual entre a descoberta da América e Sucot, pela convergência
das datas. A visão de um novo mundo justamente no sétimo dia de Sucot, em
Hoshana Rabá - considerado por nossos
sábios como o último dia de “julgamento” divino no qual o destino do ano novo é
determinado – se afigura como o prenúncio de um novo tempo de libertação e
milagres.
Sobre a chegada ao novo mundo, Davidson conta que Luis
Torres escreveu no fim de seu diário de bordo: “Nós desembarcamos na praia de San Salvador ( Guanahani, para os nativos) e tomamos posse do
novo mundo para a Espanha. Cristóvão Colombo sempre acreditou que essa ilha e
outras que ele posteriormente avistou na viagem do descobrimento eram as Índias, perto
do Japão ou China.” O pesquisador contesta versões de autores norte-americanos sobre
a possível intenção de Colombo de chegar a novos continentes e também o real horário do avistamento, que para alguns biógrafos aconteceu duas horas depois da
meia-noite de 12 de outubro.

