Por Sheila
Sacks
“Como
os terremotos, os terroristas atacam aleatoriamente: quem sobrevive e quem
morre depende de contingências que não podem ser merecidas ou evitadas” (“O Mal no Pensamento Moderno”, de Susan
Neiman)

Instituída
como nação pela ONU, em 1948, desde então a cada embate que o estado israelense
é levado a travar com organizações ou governos extremistas instalados em suas
fronteiras (que lhe negam o direito de existir e se armam com palavras e
equipamentos de guerra para eliminá-lo), observa-se o recrudescimento do
antissemitismo que infelizmente ainda sobrevive latente em países dos mais
distintos, segundo pesquisas periódicas divulgadas pelos centros judaicos.

A cada
guerra o estado de Israel vive o seu dilema de Sofia, lembrando a obra do
escritor americano William Styron, falecido em 2006. Na história, Sofia é
uma jovem mãe, sobrevivente do Holocausto, forçada por um soldado nazista à
época da guerra a escolher um de seus dois filhos para ser morto. A outra opção
seria a morte de ambas as crianças. Uma escolha perversa que a condena a viver
em um doloroso martírio até o fim de seus dias.

Conviver
em paz com seus vizinhos é a maior aspiração do estado de Israel, compartilhada
com os judeus de todo o mundo. A sociedade israelense lamenta que grande parte
de seu orçamento esteja direcionada para a guerra ao invés de ser canalizada
para a educação, ciência, tecnologia e ações sociais. Israel não quer
assistir seus jovens serem abatidos em guerras sucessivas e nem criar dificuldades e constrangimentos aos judeus de várias
nacionalidades que estão adaptados socialmente aos seus países de origem.

Israel
é um estado acuado e militarizado por força de uma posição geopolítica adversa,
já expressa à época de sua fundação pela atitude belicosa de seus vizinhos
árabes que logo nos primeiros dias de sua independência se lançaram à batalha
para inviabilizar a independência da nova nação que surgia. Grupos como o
Hamas, em Gaza, Hezbollah, no Líbano, e Al-Qaeda, na Síria, rondam
sinistramente Israel e seus líderes vociferam discursos de aniquilação. A requentada
e insana ideia de varrer Israel do mapa, disseminada no boca a boca diário, nas
escolas, mesquitas, imprensa, rádio e tevês, permanece como a principal
propulsora dos sonhos e ilusões desses extremistas que infelizmente controlam e
orientam suas comunidades.

Por fim, a insistente tentativa de estabelecer um vínculo comparativo entre as ações israelenses e a crueldade do regime político-ideológico nazista que, entre outras aberrações, conduziu milhões de crianças às câmaras de gás, só pode ser entendida como uma distorção indigna dos fatos históricos, "pois os campos de extermínio não apenas fabricavam cadáveres, mas se destinavam à destruição prévia das almas", explica a pesquisadora Susan Neiman, na sua obra "O Mal no Pensamento Moderno" (2002). Dessa forma, todos os processos de humilhação, horror, e de erradicação da identidade e da vontade humanas aos quais as vítimas eram submetidas tinham como objetivo prioritário a anulação do próprio conceito de humanidade no íntimo das pessoas.
(veiculado no blog "Coisas Judaicas")
http://www.coisasjudaicas.com/2014/07/israel-e-escolha-de-sofia.html