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Sheila Sacks /
Por ocasião da celebração dos 73 anos da fundação do estado de Israel,
em abril de 2021, a plataforma de notícias online ISRAEL21c, focada em artigos tecnológicos e
científicos, apresentou 73 curiosidades acerca do país como uma
homenagem à diversidade e também à singularidade dessa pequena/ grande nação do
Oriente Médio. Uma das mais interessantes se refere ao Círculo de Gigantes, um monumento
pré-histórico descoberto na década de 1960.
A matéria assinada pela jornalista e diretora do site, a inglesa Nicky
Blackburn, lista também outras peculiaridades
como a ressurreição da língua hebraica, utilizada por séculos apenas na leitura
da Torá (Bíblia antiga) e em ritos religiosos, transformada em língua nacional
de Israel, um caso único nos tempos modernos.
Ainda destaca certas características do país
que considera especiais: metade de Israel é tomada por deserto; 90% das águas
residuais são recicladas; tem a metade do tamanho do Lago Michigan EUA); abriga
o mais antigo cemitério em uso, no Monte das Oliveiras, em Jerusalém (3 mil
anos); possui mais de 300 vinícolas espalhadas pelas colinas de Jerusalém,
Golã, Judeia, Galileia e o deserto de Negev; exibe um conjunto de 400 edifícios de
arquitetura Bauhaus, no centro da capital Tel Aviv, a chamada Cidade Branca, o
que levou a Unesco em 2003 classificá-la de Patrimônio Mundial; tem mais museus
per capita do que qualquer país do mundo; e mantém em seu serviço postal um
departamento especial de “Cartas a
Deus”, que chegam de todo mundo para
serem colocadas nas rachaduras do Muro das Lamentações, depois de abertas. Um
milhão de pedidos são deixados anualmente, via presencial ou através de
missivas no Muro, segundo a jornalista.
Mas, a menção mais instigante da lista é sobre o misterioso Círculo dos
Gigantes conhecido como Gilgal Refaim , na tradução do hebraico, uma
referência ao povo que, segundo fontes bíblicas, se distinguia por sua enorme
estatura e viveu naquela região (reino de Bashan/Basã - Devarim/Deuteronômio).
Em 2020, o mesmo site já havia classificado Gilgal Refaim como um dos dez
maiores mistérios da Terra Santa, e indagava: Quem construiu o Stonehenge israelense?
(em alusão ao complexo pré-histórico megalítico do Reino Unido, um dos mais
visitados do mundo).
Na reportagem (The 10 greatest mysteries in Israel), Gilgal Refaim tem
como companheiros nove outros elementos cercados de indagações e suposições,
como a Arca da Aliança, que continha a tábua dos Dez Mandamentos; a caverna de
Zedequias ou pedreira de Salomão, em Jerusalém, cujas pedras podem ter sido
usadas na construção do primeiro Templo, no século 9 antes da Era Comum; e a
vila neolítica submersa Atlit Yam de 8.500 anos, descoberta em 1984, a versão
israelense de Atlântida que pode ter submergida no dilúvio de Noé.
Estrutura de 5 mil anos
Situado no norte de Israel, a estrutura é formada por gigantescos
círculos concêntricos de mais de 42 mil toneladas de pedra basalto, cuja
construção, segundo arqueólogos, beira a 5 mil anos. Autor de uma tese de
doutorado sobre o local, o arqueólogo Michael Freikman, da Universidade
Hebraica de Jerusalém, calcula que a estrutura exigiu milhares de dias de
trabalho. Segundo ele, a construção pode ter levado cerca de 25 anos para ficar
pronta, isso se 100 pessoas estivessem trabalhando. “Um esforço tremendo e
terrivelmente caro”, avalia o especialista.
O também arqueólogo Uri Berger, pesquisador de tumbas megalíticas, diz
que o local é enigmático, "com fragmentos de informações", e
que cada estudioso tem uma versão sobre a sua edificação e finalidade. E muitos
deles, talvez envolvidos com a grandiosidade da estrutura, buscam nas
escavações documentos antigos e
interpretações bíblicas que demonstrariam os vestígios de um legado espiritual
secreto.
A civilização oculta
Várias décadas após o suíço Erich von Däniken surpreender milhões de
pessoas com a teoria de que as divindades reverenciadas pela humanidade seriam
seres extraterrestres - de uma civilização adiantada que visitou o planeta
terra em tempos pré-históricos ('Eram os deuses astronautas', livro publicado
em 1968) -, uma outra tese não menos polêmica sobre o tema tem sido defendida
por dois pesquisadores ingleses. De acordo com Philip Gardiner, escritor, roteirista
e diretor de documentários, e seu parceiro Gary Osborn, os deuses não seriam
alienígenas, mas humanos e de origem terrena, oriundos de uma civilização
misteriosa e avançada que sobreviveu aos dilúvios e outros cataclismos.
Na obra “O Priorado Secreto” (2006), os autores, que já publicaram uma
dezena de livros sobre sociedades ocultas e profecias, escrevem: “Talvez seja
difícil de acreditar, mas evidências consistentes sugerem que conhecimentos
técnicos avançados circulavam entre nós muito antes das datas convencionais
atribuídas à pré-história humana e que uma cultura desconhecida havia
codificado indícios reconstituíveis desses conhecimentos.”
Uma das evidências físicas citadas pelos ingleses se refere justamente
ao Círculo de pedras de Refaim ( Rujm el-Hiri , monte de pedras do gato
selvagem, em árabe) que os autores consideram um dos maiores mistérios de
Israel. Situado na região das Colinas de Golã, a 16 quilômetros a leste do mar
da Galileia, o complexo de pedra foi erguido sobre uma planície cujas reais
dimensões só podem ser vistas do alto. A estrutura passou despercebida por
séculos e só foi detectada através de uma pesquisa aérea. Uma caverna, no
centro da estrutura, talvez funcionasse como câmara mortuária. As imagens foram
liberadas por Israel em 1968 após a “guerra dos seis dias” (1967), quando
Israel pode administrar a região.
Gardiner e Osborn defendem que edificações colossais como as pirâmides
do Egito, o complexo monolítico Stonehenge, no sul da Inglaterra, as esculturas
gigantes de pedra na Ilha de Páscoa (província do Chile), entre outras, foram
erguidas sob a inspiração dessa civilização, originalmente formada por gigantes
(a Bíblia também menciona povos gigantes – os nefilim, refaim e enacim -
no Gênesis, Números e Josué) que, à parte as suas obras
arquitetônicas majestosas deixaram um legado de conhecimento espiritual
codificado em mitos, símbolos, lendas e fábulas. Histórias e “contos de fadas”
passados oralmente de geração em geração, em grande parte por pessoas simples
que não tinham consciência dos segredos contidos nas narrativas.
Conhecimento avançado
Para os pesquisadores, tanto a humanidade atual como as primeiras
civilizações tradicionais que conhecemos jamais possuíram uma compreensão plena
e acabada desse antigo sistema de conhecimento. As informações foram passadas
através do tempo de forma fragmentada, sendo mal interpretadas e mal
conceituadas. Gardiner e Osborn afirmam que essa misteriosa “ordem sacerdotal”
teria civilizado a humanidade, talvez após uma catástrofe global. “Com o tempo,
devido ao seu conhecimento científico, sabedoria espiritual e suposta
capacidade extrassensorial, os povos menos desenvolvidos que conviviam
pacificamente com esses seres mais avançados começaram a considerá-los deuses”.
A base dessa argumentação vem da constatação da presença do mesmo sistema
fundamental de crenças nas várias religiões existentes em todos os quadrantes
do mundo, embora cada uma delas use denominações próprias, práticas e rituais
diferentes.
A fonte desse sistema de crenças estaria nos antigos cultos solares e na
experiência da “iluminação”. Segundo os autores, o padrão cíclico da natureza,
a experiência renovadora do sol e os seus movimentos estão intrinsecamente
vinculados ao efeito iluminador do “despertar” interior, do “renascer” e da
experiência da “iluminação”. Eles citam a figura bíblica de Sansão, cujo nome
deriva do hebraico shemesh (sol) e que é idêntico a shamash,
o deus sol dos sumérios. Quando Sansão tem seus cabelos cortados por uma mulher
e perde a sua força descomunal, observa-se a simbologia do sol presente na
narrativa porque sua cabeleira representa o poder irradiador dos raios de sol.
Outro exemplo mencionado diz respeito ao maior profeta e libertador do
povo de Israel, Moshé Rabenu ou Moisés, autor dos cinco primeiros livros
(Pentateuco) da Bíblia hebraica (Torá) que contêm os fundamentos legais, morais
e éticos do judaísmo. Gardiner e Osborn escrevem que em Êxodo 34, a
citação é de que Moisés desceu do Monte Sinai com seu rosto “emitindo raios
luminosos”. Os autores ressaltam que o profeta cresceu no palácio do faraó como
um príncipe egípcio e provavelmente foi iniciado na tradição, simbologia e
astrologia egípcias do culto ao sol, às estrelas e aos padrões cíclicos da
natureza. Entretanto, em Devarim (Palavras), também chamado de
Deuteronômio, o quinto livro de Moisés, é feita uma advertência para que os
hebreus não se envolvam com esses cultos: “Levantando teus olhos ao céu e vendo
o sol, a lua, as estrelas e todo o exército do céu, não te deixes seduzir para
adorá-los e servi-los! (4:19).
Adiantando-se no tempo, os autores chegam até os essênios, uma seita
judaica que existiu nos últimos séculos antes da Era Comum, cujos integrantes
viviam em Qumrã, no deserto da Judeia, perto do Mar Morto. De acordo com os
documentos escondidos em cavernas e descobertos a partir de 1947 (Manuscritos
do Mar Morto), essa comunidade se autodenominava “Filhos da Luz” e o
“governador” era chamado de “coroa”, uma
alusão à sua condição de “ser iluminado”. Os pesquisadores acentuam que a
superação da morte também tinha no sol a sua inspiração. “Os movimentos do sol
produziram lendas sobre o lugar para onde o deus sol vai e por que volta e
serviram para encobrir ideias sobre como nós mesmos poderíamos, supostamente,
reencarnar ou receber uma nova vida.”
O despertar do eu interior
Para a dupla de ingleses, esse sistema de crenças que abrange as antigas
ideias da árvore do mundo (a Árvore da Vida, na Cabalá), a reencarnação, o
renascimento, o culto do céu - com tudo o que o envolve como o sol, a lua, as
estrelas e os astros - , com nomes que de alguma forma significam “brilhar” ou
“ser brilhante”, também migrou para a Europa, talvez levado pelas tribos do
norte de Israel deportadas pelos assírios, no início do primeiro milênio antes
da Era Comum (as chamadas tribos perdidas).
Pela tradição, os sacerdotes da Europa celta (formada por diversas
etnias que povoaram o oeste do continente a partir do segundo milênio antes da
Era Comum) eram chamados druidas, significando “o saber do carvalho”. Eles
praticavam a adivinhação, a astrologia e o culto à árvore. Em suas narrativas é
creditado a Hu Gadarn Hyscion (filho de Isaac), um hebreu egípcio, a fundação
do terceiro templo no círculo de pedras gigantes de Stonehenge.
Mais evidências
No livro “As Digitais dos Deuses” (Fingerprints of the Gods,
publicado em 1995), o jornalista e pesquisador nascido na Escócia, Graham
Hancock, igualmente defende a tese da existência de uma civilização adiantada,
anterior a pré-história convencional da humanidade. Ele se utiliza de um
documento datado de 1513 - o mapa-múndi Piri Reis – desenhado pelo almirante do
mesmo nome, em Constantinopla. O mapa mostra a costa ocidental da África, a
costa oriental da América do Sul e, algo impensável, a costa norte da Antártida, esta última região
desconhecida até 1818, mas mostrada no mapa 300 anos antes de ser encontrada.
Outro mistério diz respeito à indicação de ausência de gelo em parte do
território antártico conhecido como a Terra da Rainha Maud (área da Antártida
oriental reclamada pela Noruega), uma prova geológica que confirma que o mapa
se baseou em um documento original de pelo menos 4 mil anos antes da Era Comum
quando a costa estava livre de gelo. “Em outras palavras, o verdadeiro enigma
desse mapa de 1513 não está tanto no fato de ter incluído um continente que só
foi descoberto em 1818, mas em mostrar parte da linha costeira desse mesmo
continente em condições de ausência de gelo que terminaram há 6 mil anos e que
desde então não se repetiram”, enfatiza Hancock. Ele conta que o almirante
deixou uma série de notas escritas no mapa, admitindo que seu papel foi de
compilar e copiar desenhos de cartógrafos que retroagiam a épocas anteriores à
pré-história.
Ainda acerca do mapa de Piri Reis, o escritor e professor universitário
norte-americano graduado em Harvard, Charles Hapgood (1904-1982), especializado
em antropologia e história da ciência, argumentava que alguns mapas básicos
antigos usados pelo almirante seriam fundamentados em fontes de uma época ainda
mais recuada da antiguidade. Empenhado na formulação da teoria do deslocamento
da crosta terrestre, considerada por Albert Einstein “fascinante”, Hapgood
dizia que a terra foi extensamente mapeada por uma civilização até então
desconhecida e ainda não descoberta, dotada de alto grau de progresso
tecnológico, que existiu há mais de 4 mil anos antes da Era Comum.
Catástrofes extinguiram civilizações
Propondo a teoria de que o eixo de rotação da terra mudou pelo menos
três vezes nos últimos 100 mil anos, por força de deslocamentos da crosta
terrestre provocados pelo degelo das calotas polares, Hapgood considerava que
tais rupturas globais podem ter dado origem a cataclismos e provocado a
extinção de civilizações desconhecidas e avançadas como a da Antártida,
destruída por uma mudança catastrófica. Para validar a tese, estudo das
carcaças de mamutes congelados encontrados na Sibéria mostrou que esses animais
extintos há 10 mil anos tinham em suas bocas um tipo de capim proveniente de
climas quentes, apesar de tais animais terem sido descobertos em terras
geladas.
Seguindo a mesma linha de investigação, pesquisadores da Universidade de
Glasgow, no Reino Unido, revelaram a presença de palmeiras no território da
atual Antártida, descobertas através de perfurações no gelo que trouxeram à
tona o pólen de palmeiras e de outras árvores de climas quentes como os baobás
oriundos das estepes africanas. Segundo os estudiosos, há 53 milhões de anos o
clima desse continente era semelhante ao sul do Brasil, com invernos em torno
de 10ºC e verões com temperatura de 25º C. Desde 1953, o professor
Hapgood já sustentava que grandes regiões da Antártida permaneceram
livres do gelo até 4 mil anos antes da Era Comum, lembrando porém, que pelo
consenso acadêmico, as primeiras civilizações se desenvolveram no crescente
fértil do Oriente Médio por volta de 3 mil anos antes da Era Comum.
A partir dessa perspectiva, o estudioso observa que alguns dos mitos
mais impressionantes e duradouros que a humanidade herdou dos tempos antigos
dizem respeito a uma pavorosa catástrofe global. "De onde vêm esses mitos?",
pergunta Hancock. "Por que os temas são parecidos, embora procedam de
culturas diferentes? E se são realmente memórias, por que não existem registros
históricos das catástrofes históricas que parecem aludir?"
São indagações que se inserem nas narrativas do dilúvio bíblico e que
também são encontradas na tradição de outros povos, como no livro sagrado dos
maias (Popol Vuh). “Em todo o mundo são conhecidas mais de 500 lendas que falam
do dilúvio" prossegue Hancock, "e em uma pesquisa sobre 86 delas em
continentes diferentes, um pesquisador especializado, Dr. Richard Andree,
concluiu que 62 eram inteiramente independentes da versão hebraica.”
Pistas falsas
Já o historiador e arqueólogo francês Robert Charroux (1909-1978) vai
mais longe nas suas considerações sobre essas civilizações desconhecidas,
afirmando que antepassados superiores construíram naves siderais, viajaram no
cosmos e conheceram a energia atômica. Em seu livro “A história desconhecida
dos homens desde há cem mil anos” (1963), o autor defende que os poucos
sobreviventes dessa humanidade superior “legaram aos seus descendentes uma
grandiosa mensagem”, advertindo-os, todavia, das consequências das suas
próprias descobertas. Dessa forma, no decorrer dos séculos, afirma o francês, “centros
de contraverdade têm ocultado este conhecimento, embora esse conhecimento seja
mantido por sociedades de iniciados.”
Para Gardiner e Osborn existe uma espécie de “sacerdócio secreto”
advindo dessa civilização desconhecida que desenvolveu um método de grande
eficácia para chegar ao êxtase espiritual. Herdeiro e guardião do conhecimento
da “iluminação interior” e das correntes místicas, esse priorado revela
vestígios semelhantes nas grandes religiões e nas várias doutrinas esotéricas.
“Platão foi um iniciado nesses mistérios. Ele diz que foi posto numa pirâmide
durante três dias, morreu simbolicamente, renasceu e então conheceu os segredos
dos mistérios”, escrevem os autores de “O Priorado Secreto”.
O esplendor da Cabalá
É interessante observar que a obra central da corrente mística do
judaísmo, a Cabalá (‘tradição’, em hebraico), se denomina Sefer
HaZohar ou o “Livro do Esplendor”, uma referência à luz e à
iluminação. Atribuído ao rabi Shimón Bar Yochai (Rashbi), que viveu no
século 2 da Era Comum, o Zohar também é chamado de “Chochmat
ha-Emet” (a sabedoria da verdade). Até ser verbalizado, esse conhecimento
advindo da Torá era transmitido oralmente pelos primeiros cabalistas
denominados “nistarim” (os ocultos).
O rabino Chaim David Zukerwar (1956-2009), em seu livro “As 3 dimensões
da Cabalá: Essência, Infinito e Alma”, escreve: “A fonte da Luz é a causa e
origem de toda a criação. Por essa razão a denominação empregada pela Cabalá
para designar a energia de vidas é Or – luz, em hebraico.”
Paradoxalmente, os sábios também afirmam que a luz que foi feita no primeiro
dia da Criação ( E D’us disse “Que haja luz, e houve luz”) foi “oculta aos
justos no mundo vindouro”. A explicação dada pelo Zohar indica que as palavras
hebraicas “Or” (luz) e “Raz” (segredo) são numericamente equivalentes, isto é,
que estão relacionadas uma com a outra. O significado seria que a luz original
do início dos tempos só retornará em seu igual esplendor com a evolução
espiritual e o compromisso do homem com o bem, em um tempo porvir.
A bênção do sol
Das muitas tradições judaicas, a bênção do sol, praticada ao longo das
gerações, apresenta uma característica única: o seu ritual somente se dá a cada
28 anos, quando o sol, de acordo com os sábios, retorna à posição exata onde
estava no momento da criação. Diz o Bereshit: “E fez D’us os dois
luzeiros grandes: o luzeiro maior para governar o dia; e o luzeiro menor para
governar a noite... E foi noite e foi manhã, dia quarto.” Para celebrar esse
mandamento (mitzvá), as pessoas se reúnem ao ar livre e é recitada uma benção
especial – Bircat Hachamá (benção do sol) - precedida e seguida de salmos e
preces.
Sempre ocorrendo em uma manhã de quarta-feira (o dia da semana no qual
D’us colocou em órbita o sol, a lua e todos os corpos celestes ), o último
encontro se deu em 8 de abril de 2009 (ano judaico de 5769), quando mais uma
vez foi recitada a prece que lembra os milagres divinos: “Bendito és Tu, Senhor
nosso D’us, que reencena as obras da Criação.” (Baruch Ata Adonai, Eloheinu
Melech HaOlam, Ossê Maassê Bereshit).
Mas, apesar das explicações rabínicas sobre a benção do Sol – que tem o
intuito de louvar a Criação Divina -, pesquisadores como Gardiner e Osborn
insistem em enxergar vestígios desse ritual ancorados a uma tradição
desconhecida anterior a dos hebreus. O arqueólogo e historiador Zecharia
Sitchin (1920-2010), estudioso dos idiomas antigos orientais, expõe em seu
livro “O código cósmico” (2003), a familiaridade dos antigos hebreus com as
constelações do zodíaco, iniciada com Terach, pai de Abrãao (Avraham) em Ur, na
Suméria (atual Iraque). Ele faz uma correspondência entre os 12 signos
zodiacais com os 12 filhos de Ismael (“Dele nascerão dozes chefes; E sua nação
será grande” - Gênesis 17:20), os 12 filhos de Jacob (“E o
número dos filhos de Jacob foram doze” – Gênesis 35), e as 12
tribos que povoaram a Terra Prometida, após o Êxodo, uma constância que, em sua
opinião, “preserva a exigência-santidade do Doze celeste”.
Sitchin, que viveu em Israel e nos Estados Unidos, revela que a
expressão hebraica “mazal-tov”, pronunciada nas festividades e entendida pela
maioria como “boa sorte”, significa literalmente “uma boa e favorável
constelação zodiacal”. Segundo o arqueólogo o termo deriva do acadiano (a mãe
das línguas semitas), em que manzalu significa “estação” – a
estação zodiacal na qual o sol “estacionava” no dia do casamento ou nascimento.
Ele também assegura que a monumental e enigmática estrutura de círculos de
pedra na planície das colinas de Golã, o Gilgal Refaim, foi um
observatório astronômico construído por uma civilização desconhecida, 7 mil
anos antes da Era Comum.
Teoria que Uri Berger, membro do Departamento de Antiguidades de Israel,
afirma ser plausível ao observar que já foi identificado que nos dias mais
curtos e mais longos do ano ( solstícios de junho e dezembro) o nascer do sol
se alinha com a abertura das rochas basálticas do monumento.
Histórico de Golã
A ligação do povo hebreu às Colinas de Golã remonta a tempos bíblicos e
conta a tradição que na região do Monte Hermon D’us prometeu a Abraão que daria
a terra a seus descendentes.
Ao longo do tempo muitos povos viveram no local, centro de inúmeras
disputas e guerras. De volta do exílio da Babilônia, no século 5 antes da Era
Comum, os judeus povoaram a região até a primeira Revolta Judaica contra o
Império Romano, entre 66 e 73 antes da Era Comum, quando suas vilas são
destruídas.
A partir de 391 da Era Comum, Golã fica sob o domínio do império
bizantino. Do século XV até o fim da 1ª Grande Guerra, é a vez dos turcos
otomanos, e entre 1924 e 1944 a França assume o mandato na região. Depois do
fim da da2ª Grande Guerra, por um acordo entre França e Inglaterra, o território
fica com a Síria. Em 1967, após a Guerra dos Seis Dias, Israel volta a ter a
posse de Golã.
Escrito originalmente em 2021 e atualizado em 2024